Fugas - Viagens

Paulo Ricca

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São Pedro do Sul, dentro e fora de água

A vantagem é que os visitantes em busca de um dos vários programas de bem-estar oferecido pelas termas não têm de ir ao D. Afonso Henriques, a menos que queiram espreitar a loja de merchandising, no rés-do-chão. Porque toda a área de bemestar está situada no Rainha D. Amélia que, com decoração mais sofisticada e intimista, e espaços mais pequenos, atende uma clientela que o solicita especificamente, ou os visitantes de fim-de-semana, que querem associar uma massagem às propriedades únicas da água local.

Para estes, há hidromassagens (na piscina ou em banheira), massagens de corpo inteiro ou localizadas e massagens com duche de Vichy. Não há cremes de chocolate nem esfoliações de açúcar. Há água, água e água, e ela basta.

Depois da piscina, e já com as costas esquecidas de si próprias, pela força da massagem recebida, trepamos para uma mesa colocada sob as gotas imparáveis do duche de Vichy. Enquanto a água cai sobre o corpo, as mãos da massagista deslizam na fina camada de parafina que vai aplicando na pele. Não admira que mesmo as pessoas que ali vão especificamente por questões de saúde, peçam para que esta modalidade conste dos tratamentos prescritos pelo médico.

É que sabe muito bem. E que importa que nos digam que, por causa da camada de parafina que trava o contacto directo com a água, o duche de Vichy seja o menos eficaz de todos os tratamentos? As termas podem ser um destino de saúde, mas são também de bem-estar. E experimente, experimente mesmo o duche de Vichy.

Fora de água

Fora dos balneários, São Pedro do Sul estende-se em montes e vales pintados de verdes e salpicados de aldeias. A aposta das termas é que quem aparece para experimentar as águas não se vá embora sem conhecer um pouco da região. Na página da Internet das termas, sob o lema A Escolha Natural, há diversas propostas de programas, orientados para três dias de actividades, dentro e fora dos balneários. Se quiser, pode fazer caminhadas, experimentar as propostas do Bioparque, na freguesia de Carvalhais, ou, simplesmente, passear de carro pela região. É só escolher.

Ali ao pé, a serra da Arada é um bom ponto de partida. Na subida para o topo há partes de encostas ainda marcadas pelas cicatrizes deixadas pelos incêndios violentos do último Verão. Mas lá em cima, entre os matizados das cores de Outono, passam, como se não tivessem dono, rebanhos de cabras de cornos retorcidos, e anos de criação da serra desvendam-se perante os nossos olhos, em vales desenhados como se as rochas tivessem sido moldadas com linha e tesoura de uma costureira habituada a fazer pregas em saias.

Depois, em mais uma curva do caminho, surgem os gigantes brancos das torres eólicas e, ao espreitarmos de um pequeno promontório, vemos, lá ao fundo, aninhadas no vale, a aldeia de Pena de um lado e a aldeia de Covas do Monte do outro. É possível chegar lá baixo de carro e fazer caminhadas entre as duas localidades, mas deixamos para outro dia essa experiência, porque, mais à frente, está a capela de São Macário, no topo da serra com o mesmo nome, e o seu altar em pedra construído no exterior para receber a missa anual, no último fim-de-semana de Julho.

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