A tarefa é hercúlea ou muito simples, depende do ponto de vista. Melhor dizendo, dos recursos que se têm à mão. Neste caso, a Dorling Kindersley, do grupo editorial Penguin, muniu-se de 47 viajantes-escritores e condensou o seu saber e experiência num livro que procura mostrar-lhe o que está para lá do óbvio, quando pensa em viagens inesquecíveis. "Viagens, os lugares menos visitados - 1000 lugares fascinantes fora das rotas turísticas" chegou a Portugal, com a chancela da Civilização. Lá dentro está todo o mundo à espera de ser explorado, dos pontos mais remotos à maravilha portuguesa, que fica já aqui ao lado.
O escritor de viagens norteamericano Bill Bryson sintetiza de forma perfeita o que significa folhear esta obra, no prefácio que escreveu para este Viagens. A má notícia, diz, "é que há mais coisas fantásticas para ver no mundo do que aquelas que alguma vez poderá aspirar a ver". A boa notícia, contudo, "é que há mais coisas para ver no mundo do que aquelas que alguma vez poderá aspirar a ver".
Porque o que nos revela, página após página, este guia alternativo é que não importa o quanto acha que conhece do mundo. Vai sentir que ainda não viu nada e que há uma infinidade de sítios que, simplesmente, não pode perder.
Se vai ter tempo para os ver a todos? Bill Bryson acha que não. Provavelmente, temos de concordar com ele. Servindo-nos da optimista teoria do copo meio-cheio, ao menos, com esta obra, pode descobrir sítios que nem imaginava que existiam e, se for mesmo muito sortudo, seleccionar um punhado deles e organizar os planos de viagem para a próxima década.
Para lhe facilitar a vida, de acordo com o que poderá ser mais apelativo para cada um, as visitas propostas estão divididas em nove capítulos Locais antigos e históricos; Festividades e festas; Viagens fabulosas; Maravilhas arquitectónicas; Maravilhas naturais; Praias; Desportos e Actividades; Arte e Cultura; e Cidades.
Não tarda, vamos explorar um pouco do que pode encontrar em cada um deles. Para já, um conselho: apesar de grande parte do livro estar organizado como uma proposta alternativa ao sítio turístico óbvio (tipo, vá conhecer as Pirâmides de Meroé, no Sudão, em vez das Pirâmides de Gizé, no Egipto), não se sinta demasiado tentado, à partida, em descartar uma visita às paragens mais conhecidas. Como o próprio livro refere, apesar de alguns pontos fracos associados, em grande parte, à excessiva procura turística, há um motivo para que estes locais se tenham tornado tão famosos. E, digam o que disserem, se puder, não perca uma visita à Isla del Sol, na Bolívia, mas não sinta, de maneira nenhuma, que por visitar esse local pode ou deve abdicar de ir a Machu Picchu, no Peru...
Locais antigos e históricos
Falar em ruínas históricas é, para muita gente, falar no Egipto, e é mesmo por aqui que começa a rota de Os lugares menos visitados. A proposta é: não pense no Egipto, pense no Sudão. É aí que, no meio do deserto, vai encontrar os cemitérios reais de Bagrawiya, mais conhecidos como pirâmides de Meroé, assim como as ruínas dos templos de Naqa e Musawwarat, memórias do Reino Kush, que adoptou o modelo da arte egípcia, quando o reino dos faraós já entrara em declínio.