Fugas - Viagens

Nelson Garrido

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Viajar à boleia de postais

Autoria portuguesa

Paulo Magalhães, que já viveu nos Estados Unidos e na China, e agora está na Eslovénia, é o criador deste projecto, do postcrossing. Por e-mail, diz que sempre gostou de "receber correio e postais em particular". "Quanto mais distantes e aleatórios, melhor. Sabia que existiam outras pessoas com o mesmo interesse, mas não existia ainda nenhuma plataforma para juntar estas pessoas em diversos pontos do mundo. Foi daí que surgiu a ideia de criar o postcrossing como sendo uma plataforma online para um passatempo off-line. Os detalhes de como iria funcionar vieram depois", conta.

Na equipa que faz a gestão do site está também a namorada, Ana Campos: "Foi das primeiras pessoas a colaborar no projecto. Foi ela que inicialmente desenhou o logótipo e o design do site. Os restantes membros da equipa vieram quando o site já estava on-line", recorda. "São todos utilizadores activos do postcrossing que, como gostam do projecto, voluntariam o seu tempo para ajudar no seu funcionamento, em particular para manter o fórum de discussão, que é bastante participado", acrescenta Paulo Magalhães, frisando que os membros da equipa estão espalhados "um pouco por todo mundo", pela Austrália, Holanda, Finlândia, Portugal e Estados Unidos.

Para além do fórum, o site tem também um blogue, no qual não faltam histórias a comprovar as amizades que se fazem através do postcrossing. Há até quem já se tivesse apaixonado através da troca de postais. No blogue podemos ler a história de um casamento entre um australiano e uma finlandesa que se encontraram através deste projecto.

No mesmo blogue, ficamos também a conhecer um pouco mais sobre a viagem que Felice Hutchings, dos Estados Unidos, fez pela Europa, a visitar postcrossers. "Viajar tem sido uma das minhas paixões nos últimos 30 anos, na maior parte das vezes pela Europa. Também já visitei a Turquia, Marrocos, Tailândia, Quénia, Israel, Peru, México e Canadá. Viajei sozinha para Itália, França e Holanda. Prefiro viajar com amigos, mas se quiser ir e ninguém estiver disponível, costumo ir sozinha", conta esta postcrosser de 50 anos, que vive em Chicago, é artista de vitrais e trabalha numa empresa ligada à moda.

Nestas viagens, Felice Hutchings usufruía dos lugares "como turista". "Antes de aderir ao postcrossing, não conhecia ninguém na maioria destes países e, portanto, sempre experimentei e usufruí de cada lugar como turista, explorando os lugares com um livro de viagens e, por vezes, com recomendações de outras pessoas", revela.

Apesar de ter aderido ao postcrossing por gostar de "escrever cartas e cartões", e não porque tivesse pensado em usar o projecto como "ferramenta para encontrar pessoas" em viagem, o certo é que a forma de viajar de Felice Hutchings mudou e as amizades que fez levaram-na a visitar essas pessoas nos seus países de origem. Primeiro, o postcrossing era apenas um hobby engraçado, diferente: "Tornou-se um desafio divertido escrever algo de real dentro do espaço pequeno que um cartão oferece. Tento sempre contar uma história sobre o lugar que está no postal ou sobre algo da minha vida", explica. Foi assim que fez "amizade" com várias pessoas que, de outra forma, nunca teria conhecido" e que começou a correr mundo à boleia de postais.

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