Fugas - Viagens

Nelson Garrido

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Viajar à boleia de postais

Fernando Ferreira, que também já participou em encontros, sabe que, depois das "amizades" que se fazem, "o segundo passo é viajar" através do postcrossing, até porque, explica, no site existe a possibilidade de se fazerem "trocas directas" entre utilizadores. "Podemos dizer que gostamos de animais, de monumentos e, depois, quando enviamos e recebemos os postais, ficamos com o e-mail das pessoas e podemos trocar e-mails e postais com elas", explica Fernando, que já participou, no ano passado, num encontro oficial em Leiria, no quarto aniversário do postcrossing, e noutro encontro não oficial em Coimbra, no Portugal dos Pequenitos.

Todos estes encontros são planeados e discutidos no fórum do site, que já conta com 182 mil membros oriundos de mais de 200 países. Através do site, já foram recebidos mais de 4 milhões de postais e os quilómetros percorridos já davam para dar quase 600 mil voltas ao mundo. Para além destes dados, podemos ainda ver o que está a acontecer com os postais em tempo real: quem envia, de onde, e quem recebe, onde.

Paulo Magalhães não estava à espera do sucesso alcançado: "O projecto teve uma aceitação muito superior à minha melhor expectativa. Que haveria outras pessoas interessadas no conceito era um facto, mas que se tornaria tão popular foi uma surpresa", admite. Pouco depois de o site ter sido lançado em 2005 "começaram a surgir membros de vários pontos do planeta". "Isto sem nunca termos feito publicidade, apenas num passa-a-palavra voluntário", diz. Recentemente, celebraram o postal "4 milhões" e esperam chegar aos 5 milhões dentro de cerca de meio ano. "Todos estes números continuam a superar as nossas expectativas e um dos objectivos é ter membros em todos os países possíveis", espera Paulo Magalhães.

Postcrossing em família: A filha é TheBlueDolphin e o pai ElHurricane

É uma forma "diferente" de passarem tempo juntos. Volta e meia, António Costa (39 anos) e a filha, Bruna, de 11, sentam-se à mesa, olham para os postais que compraram, escolhem quais vão enviar e para quem, pensam no que querem escrever, preenchem tudo direitinho, põem as moradas... Para além de patinar, ler e nadar, Bruna adora enviar e receber postais. Ainda precisa da ajuda do pai para os escrever em inglês, mas isso não a desanima. O que importa é abrir a caixa do correio e ter lá dentro um postal, vindo directamente para ela de outra parte do mundo é uma "grande alegria". Até de Taiwan já recebeu.

Pai e filha, que vivem em Ovar, andam os dois nesta "brincadeira" do postcrossing. Foi o pai, gestor de projectos de implementação de rede de telecomunicações, que, apercebendo-se do interesse de Bruna, a desafiou. "Quando eu recebia os postais, ela queria ver e saber o que diziam. Agora, sempre que chega algum para ela é um delírio", conta António Costa.

Bruna confirma que gosta "muito" de ser postcrosser e de receber postais de vários países. De todos os sítios. Tanto lhe faz se são da Europa ou da América, de monumentos, de animais ou de pessoas: "É indiferente. Eu gosto é de receber", conta. E de enviar. Os que põe no correio "têm desenhos feitos por outras crianças". Já mandou um rumo às Filipinas. Ao todo, desde que se inscreveu, em Fevereiro de 2008, já recebeu e enviou cerca de 70 postais. Todos eles são viagens: "Estou a conhecer novos lugares sem sair de casa", diz TheBlueDolphin (nickname).

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