Fugas - Viagens

Nelson Garrido

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Viajar à boleia de postais

De postal pela Europa

Em Dezembro de 2008, foi a Colónia, na Alemanha, com um amigo, e visitou a primeira postcrosser com quem se correspondeu. "Entrei em contacto com Isabelle, a pessoa a quem eu tinha enviado o meu primeiro postal através do postcrossing. Ela organizou uma reunião oficial de postcrossers alemães. Acho que estavam lá umas 10 pessoas. Reunimo-nos ao lado da catedral, fomos comprar postais e depois fomos a um café para conversar e escrever. Foi o ponto alto da nossa viagem", recorda.

A volta à Europa de postal estava só a começar. Em Maio e Junho do ano passado, Felice Hutchings planeou uma viagem. Afinal, fazia 50 anos. A ideia era "visitar os melhores amigos que tinha feito através dos postais". "Passei o meu aniversário em Paris com três dos meus melhores amigos de Chicago. Depois, viajei sozinha para Antuérpia, onde me encontrei com Isabelle e com o seu marido. A seguir, voei para a Dinamarca, onde me encontrei com a Anya, de 24 anos", precisa.

Passou três dias em Copenhaga e fez uma pequena viagem até Malmö, na Suécia. "Voei então para Tallinn, na Estónia, para ver Loona (25 anos), durante cinco dias. Fiquei numa pousada na primeira noite e, depois, ela convidou-me para ficar em casa dela. Também fomos para a ilha de Kihnu dois dias com duas amigas", conta.

Finalmente, foi a Inglaterra, onde foi convidada para ficar em casa de Suzanne (51 anos), com a sua família, em Hampshire, durante quatro dias. "Depois fui para a costa da Cornualha sozinha antes de regressar a casa. Foi a primeira vez que planeei uma viagem em que me encontrei com amigos que só conhecia por correspondência. Foi uma bela experiência. Todos foram maravilhosos e hospitaleiros comigo", garante. Por ter sido tão interessante, Felice Hutchings resolveu em Dezembro voltar à Europa. Desta vez foi até Alicante, em Espanha, para visitar "um outro postcrosser e a sua família". Alugou um apartamento por dois dias e, garante, "também foi uma visita mágica".

Felice Hutchings sente agora que tem "família" em todo o mundo e que "o mundo se tornou uma cidade pequena". "Estou ansiosa pelo dia em que algumas destas pessoas maravilhosas me virão visitar à minha cidade", diz.

Mas o postcrossing também permite viajar sem sair do bairro, garante Fernando Ferreira, enquanto folheia o dossier no qual tem todos os postais guardados, dentro de capas plásticas. É como um álbum de fotografias, através do qual vai recordando as "viagens" que fez. "Este é o postal número 54 enviado na Nova Zelândia", mostra. Neste dossier está também o postal que já recebeu do Japão e o que uma japonesa dos Estados Unido lhe enviou. Quando pode, Fernando Ferreira comunica mesmo em japonês e, em troca, recebe elogios pelo domínio da língua. Apesar de o inglês ser o idioma dominante, é costume pôr-se, nos postais, uma frase na língua original de cada postcrosser: "Muitas vezes, as pessoas pedem uma frase na nossa língua, escrever só happy postcrossing não tem piada...", diz.

Aprender com os postais

Uma forma de aprendizagem que não se fica por aqui: "Há escolas nos Estados Unidos que usam o postcrossing para ensinar às crianças onde são os países, como são as culturas, que monumentos têm, que animais há lá", conta Fernando Ferreira, que já criou, em conjunto com Sara Peres (também postcrosser), um blogue exclusivamente dedicado à troca de postais. Chama-se girlpostboycross.blogspot.com.

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