Fugas - Viagens

Nelson Garrido

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Viajar à boleia de postais

"A ideia do blogue foi dar conteúdo aos postais, digitalizá-los, e juntar-lhes três itens: uma pequena descrição do postal e de quem mandou, a seguir uma receita, para se conhecer a gastronomia típica de cada país e, em terceiro lugar, uma curiosidade de cada local", explica Fernando. Um exemplo: sabendo do "interesse" de Fernando Ferreira "pela cultura do Sol Nascente", Wu (Jannes) enviou-lhe um "bonito postal" com uma pintura japonesa. A esta informação, Fernando Ferreira junta a digitalização do postal (frente e verso) e ainda uma receita de sopa de gotas de ovos. Finalmente, uma nota sobre Pequim, "uma das mais populosas cidades do mundo, com os seus 15 milhões de habitantes".

Quando diz que o postcrossing "é uma forma barata de conhecer outras culturas", Fernando Ferreira não deixa de sorrir. É que às vezes não é bem assim. O hobby pode ser tão estimulante que há quem gaste 80 a 100 euros por mês em postais, garante.

Apesar de ainda não ter ido visitar postcrossers ao estrangeiro, Fernando Ferreira já recebeu dois finlandeses em Coimbra. Heidi Manninen, de 29 anos, técnica de raio-X num hospital da Finlândia e coleccionadora de postais desde os nove, foi uma dessas visitas.

Passou duas semanas de férias em Portugal, com o namorado, entre 23 de Janeiro e 6 de Fevereiro. Visitaram Lisboa, Coimbra, Guarda, Porto, e Sintra e conheceram dez postcrossers portugueses "formidáveis". Heidi Manninen diz que "através dos postais" se conhecem "sítios, pessoas e culturas" de todo o mundo.

Na Finlândia, em encontros organizados, já tinha tido contacto com muitos postcrossers não só finlandeses, mas de outras nacionalidades. "Mas também tenho contacto com outros postcrossers nas viagens que faço. A primeira vez que estabeleci esse contacto foi na Alemanha, em 2008, em Colónia, onde conheci Nane85 e Kasi0408 [nicknames].

Também perguntei a postcrossers húngaros se me queriam conhecer numa viagem que fiz a Budapeste no ano passado", conta. Em Março, Heidi Manninen que, só em trocas oficiais pelo postcrossing, já recebeu mais de 800 postais foi também até Viena, onde passeou com outros postcrossers; acabaram a jantar em casa de um deles. Em todos estes encontros, fizeram visitas, tomaram café e, claro, foram às "compras" de postais.

Sucesso-surpresa

Paulo Magalhães conta que também tem conhecido postcrossers nos encontros que são organizados "frequentemente". Quando estava na China, conheceu vários membros de Xangai: "É das melhores formas para conhecer outras culturas, pois estas são pessoas tipicamente interessadas em partilhar e conhecer culturas diferentes", defende.

"No ano passado houve um encontro internacional na Finlândia onde eu e a Ana tivemos oportunidade de estar. O encontro foi de dois dias em Helsínquia e teve quase 50 participantes", recorda. Lá tiveram oportunidade de conhecer vários membros e dedicar-se à actividade de que tanto gostam. "Nestes encontros é habitual enviarem-se muitos postais, 545 só neste, em que todos os participantes assinam cada postal enviado para outros postcrossers no outro lado do planeta", conta Paulo Magalhães.

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