Em Xcaret, o percurso pelos rios (feito com coletes salva-vidas e equipamento de snorkelling para mergulhar à superfície da água) atravessa o parque de um lado ao outro para desaguar no mar turquesa das Caraíbas. Este contacto entre a água salgada e a água doce, que não acontece em todos os cenotes, gera efeitos visuais pouco comuns. Além disso, como a água do mar é mais densa do que a do rio, há cenotes onde, a partir de determinada profundidade, a água passa de doce a salgada, mesmo que a vários quilómetros da costa.
Geralmente, o percurso pelos rios subterrâneos já está incluído na factura da excursão a Xcaret. O mesmo não acontece com as outras actividades aquáticas, desde um simples tour de snorkelling até conviver debaixo de água com tubarões, raias e golfinhos. E nem sequer é preciso saber nadar. Basta colocar uma espécie de capacete de astronauta e simplesmente andar debaixo de água a observar a vida marinha.
No caso dos golfinhos, há sítios bem mais baratos em que se pode nadar ao lado destes mamíferos. Mas Xcaret garantiu um direito exclusivo: é o único sítio do mundo onde o visitante pode nadar com a mãe e a cria. Além disso, bateu recentemente o recorde do Guiness por ser o parque onde se reproduzem mais golfinhos a nível mundial.
Para quem se sente mais à vontade dentro de água e quer experimentar sensações mais fortes, a melhor opção é o tour snuba nos recifes. Na enseada de Xcaret apanha-se um barco até ao segundo maior recife de coral do mundo, onde iremos mergulhar a sete metros de profundidade. A garrafa de oxigénio fica à superfície, em pequenas bóias, e bombeia o ar ao longo de uma mangueira. Isso permite mergulhar a alguma profundidade sem o peso de um equipamento de mergulho. E, claro está, serpentear agilmente entre esqueletos de algas e peixes que disputam prémios de cor.
História nos pés e no canto
Só com um almoço à pressa, muito trabalho de pés e um esforço sobre-humano para não ceder à tentação de mergulhar nas límpidas águas do mar (excepto para fazer o tour snuba) é que se consegue ver o parque todo num único dia. Mas se 24 horas forem mesmo tudo o que se tem, há erros evitáveis. Um deles é ter menos de uma hora para ver a zona que recria a antiga vila maia.
No meio da densa vegetação, há cabanas de madeira e palha com camas de rede ou esteiras no chão, cestas de frutas tropicais estiradas à porta e pequenas jangadas a deambular pelo rio. O traço de vida é dado pelos artesãos, que meticulosamente fazem os bordados brancos, as coloridas mantas mexicanas ou os colares de inspiração indígena.
Mais adiante, com vista sobre o mar das Caraíbas, ergue-se a capela de São Francisco de Assis, com fachada mas sem paredes, onde todos os domingos se reza a missa. Aos pés da capela, uma nova elevação de terra, repleta de casas e igrejas tipicamente mexicanas, em ponto pequeno. Parece uma exposição, um "México dos Pequeninos", mas à medida que nos aproximamos gera-se um misto de assombro e encanto. O monte cheio de casas é, na realidade, um cemitério mexicano e, sem dúvida, uma das atracções imperdíveis de Xcaret.