12h00 - Compras, compras e compras?
Antes do almoço, tempo para um passeio pela Grafton Street - ainda é a Dublin georgiana que marca a arquitectura, mas a atmosfera é descontraída e informal na rua pedonal de compras preferida dos dubliners. A Molly Malone permanece disponível para todas as fotos, os artistas de rua (a música anda sempre no ar) garantem que não há momentos mortos neste troço de tijolos laranjas. E para um ambiente mais ecléctico e típico, a Georges Street Arcade é o ideal: entre lojas de música, de roupa vanguardista e gótica, de antiguidades, de recuerdos, de memorabilia, de cabeleireiros avant-guard e joalharias mais ou menos tradicionais, há videntes e piercings, restaurantes e cafés, onde os comentários sobre a crise irlandesa se podem mesclar com a incompreensão pela predilecção por furar partes do corpo. Tudo isto sob uma carapaça irrepreensivelmente restaurada de tijolo, ferro e vidro.
13h00 - Almoço teatral
É uma instituição na cidade e tudo começa pela (antigu)idade - o Bewley's Café tem 84 anos, reverenciáveis no visual de madeira escura na fachada típica e atmosfera confortavelmente discreta do(s) interior(es). Ao almoço faz da sua originalidade uma arte: peça uma sopa acompanhada por uma generosa fatia de pão escuro e assista a uma peça de teatro - por estes dias Fight Night, por Gavin Kostick a interpretar um solo (preços entre 8 e 12 euros, dependendo dos dias da semana).
14h00 - Pausa escolástica
Digira-se o almoço num passeio pela Trinity College, bem na encruzilhada da cidade, que com mais 400 anos de história continua a receber as mentes mais promissoras do país - curiosamente, este templo de códigos de conduta e tradições rigorosas teve no bar o primeiro edifício a ser construído. De praça em praça evoluímos pelo campus, onde os relvados dos campos de jogos são muitas vezes sun decks - se quiser entrar, o ex-líbris, o Book of Kells, permanece como uma das jóias da cultura nacional (apenas quatro páginas podem ser vistas); o Long Room da Old Library deixa os visitantes de boca aberta pela majestosidade serena do espaço e pelos 200 mil volumes antigos ali depositados.
14h30 - Ronda da arte
Longe vão os tempos em que a National Gallery era apenas "a entrada elegante para um bom restaurante" (o que se localizava nas suas traseiras). Desde há alguns anos, coincidindo com o boom económico irlandês, recuperou a sua dignidade como o melhor repositório de arte irlandesa dos últimos três séculos - Jack B. Yeats tem uma sala própria exibindo os seus trabalhos, que são retalhos da vida irlandesa do início do século XX -, com uma revisão respeitável das principais correntes continentais - Fra Angelico, Caravaggio, Rubens, El Greco, Goya, Velasquez, Vermeer, Sisley, Monet, Van Gogh, Picasso... Mas é no National Museu que se percorrem milénios da história irlandesa, desde as suas raízes celtas, passando pelo período viking, até ao medieval dos castelos e das catedrais - é como se a paisagem irlandesa também se concentrasse ali na sua essência (não há os círculos de pedras, as torres redondas ou os mosteiros em ruínas, mas os objectos com que viveram). Os artefactos de ouro são riquíssimos exemplos da arte celta e medieval e entre eles destacam-se o broche de Tara e o cálice Ardagh.