Fugas - Viagens

Ana Rita Faria

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Ceará - Esta é Jeri, uma das dez praias mais belas do mundo

A Rua Principal é o melhor ponto de partida para começar o reconhecimento do terreno e não é difícil descobri-la, visto que Jeri tem apenas três ruas principais. Concentrando a maioria dos restaurantes, bares, cafés e lojas da vila, esta artéria de areia que desemboca na praia é o ponto de encontro dos habitantes e dos turistas de várias nacionalidades. Além disso, é também onde começa a animada noite de Jeri, em torno das pequenas barracas de bebidas à base de frutas tropicais que começam a ser montadas mal o sol se põe, por volta das 18h00.

Contudo, a agitação nocturna começa bastante mais tarde em Jeri, ou seja, nunca antes da 1h00. As noites de forró no Recanto do Momento são muito populares e concorrem com outros estilos musicais como o rock, o reggae e a salsa, que tocam no bar Planeta Jeri ou na discoteca Mama África.

Mas uma coisa é certa: numa vila onde o sol se ergue por volta das 5h00, o melhor mesmo é esquecer os horários tradicionais e entrar no ritmo dos habitantes e "habitués" de Jeri, que fazem uma sesta depois do jantar e põem o despertador para a meia-noite. E, para recuperar da festa, nada melhor do que ir até à Padaria Santo António, que só funciona após as 2h00 e tem pão quente com queijo, nozes de coco, mel e banana a sair directamente do forno.

Durante a noite, é possível ver também os pescadores a saírem para o mar nas suas canoas, que regressam de manhã, com as redes carregadas de arraias e cavalas. Entre Maio e Junho, é altura da pesca do camarão e, em dias de sorte, pode ficar preso nas redes o camurupim, o maior peixe da região, cujas escamas são usadas no artesanato.

O passeio à Pedra Furada

Principal símbolo de Jericoacoara, a Pedra Furada não será certamente a atracção da vila a causar mais surpresa ao visitante, mas só pelo passeio até lá já vale a pena. A pé, pela orla marítima, são aproximadamente 40 minutos de caminho até chegar a esta rocha em forma de arco, onde o contorno do sol se encaixa à hora de se pôr, nos meses de Julho e Agosto.

Contudo, caso não esteja informado das horas da maré alta (como foi o nosso caso), pode acabar por ter de subir o Serrote, dois montes de cerca de 100 metros de altura formados a partir de grandes dunas que cristalizaram por acção do sal e das marés e que hoje impedem que as areias em movimento alcancem e cubram Jeri.

Se o seu destino for esse, prepare-se para andar aos "esses" por entre a vegetação rasteira até descer à Pedra Furada, uma brincadeira que pode custar mais de uma hora de caminho ou um semi-escaldão. Pode ser que, com sorte, encontre também o senhor José, que nos ensinou os atalhos pelo monte para regressar à vila, onde se desloca a meio do dia para recarregar a arca frigorífica com águas de coco e regressar à Pedra Furada para fazer novas vendas.

Uma maneira bem mais simples de chegar à famosa pedra é a cavalo, já que os veículos motorizados não podem subir o Serrote. Por 30 reais (cerca de 12 euros) por hora, aluga-se um cavalo e ainda um guia que, num outro cavalo, segue connosco no passeio. Contudo, a sensação de segurança por seguir acompanhada é aparente. Habituados a sentarem-se em cima do cavalo desde crianças, os habitantes de Jeri rapidamente colocam os turistas a cavalgar a toda a velocidade pela orla marítima. Uma sensação única de liberdade, desde que nos consigamos, claro está, manter em cima do cavalo (felizmente, eles são mansinhos).

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