Fugas - Viagens

Ana Rita Faria

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Ceará - Esta é Jeri, uma das dez praias mais belas do mundo

De vila de pescadores a destino turístico

Baía das tartarugas e jacaré ao sol. As teorias dividem-se sobre a origem e significado do estranho nome de Jericoacoara. Graças à sua enseada de águas mansas, a vila consta das cartas náuticas do século XVI com a denominação de baía das tartarugas, o que resultaria da contracção das palavras indígenas "jurara" (tartaruga) e "coara" (buraco). Mas há uma outra teoria que remete para a forma que o Serrote tem visto do mar: as suas duas colinas parecem um jacaré ("jeri") deitado ao sol ou, no dizer local, que "quara" ao sol.

Hoje com 2000 habitantes, Jericoacoara não passava, até aos anos 80, de uma pacata vila de pescadores. As casas eram construídas com pedras do Serrote (rico em quartzito), a água era puxada de um poço e, como não havia energia eléctrica, não existia gelo, pelo que os peixes eram salgados e secos ao sol.

Nos anos 60 e 70, a própria actividade pesqueira, que sempre tinha dominado a economia da vila, estava em declínio devido ao afastamento do principal dono dos negócios da pesca, que controlava o canal de venda para Fortaleza, a capital do Ceará. Com crescentes problemas em escoar a sua produção, os pescadores começaram a trocar o peixe por produtos agrícolas de outras comunidades vizinhas, assegurando a sobrevivência.

O cenário acabaria por mudar com a chegada dos primeiros viajantes aventureiros, de mochila às costas, que espalharam Jeri de boca em boca e abriram a vila ao turismo. Logo em 1984 a vila era declarada uma área de protecção ambiental e, oito anos depois, eram impostos os primeiros limites à construção.

A inclusão de Jeri no "ranking" das praias mais belas do mundo, pela "Washington Post Magazine", fez disparar a sua popularidade e levou o Governo brasileiro, em 2002, a transformar a área de Jericoacoara num Parque Nacional, que ocupa quase 7000 hectares. Quatro anos antes apenas, chegava a energia eléctrica à vila, através de cabos subterrâneos para iluminar as casas e as pousadas que foram surgindo.

Contudo, apesar dos desenvolvimentos, há algo que nunca pára de mudar em Jeri e surpreende sempre o visitante que realiza o sonho de lá voltar: a paisagem. A intensidade da temporada das chuvas (entre Janeiro e Junho) forma lagoas de vários tamanhos e cores e as gigantes dunas vão-se moldando ao sabor dos ventos e das marés. Nos últimos 20 anos, a duna do Pôr-do-Sol passou por cima de um coqueiral, do qual restam dezenas de troncos a rebentar da areia. Mas, enquanto Jeri se mantiver agarrada à ecologia e empenhada em fugir do turismo de massa, só mesmo a natureza deverá ditar mudanças na paisagem.

Passeios obrigatórios

O berço das dunas e as lagoas cristalinas
Tire pelo menos um dia para um dos passeios de "buggy" às lagoas e à praia do Preá. Esta aldeia de pescadores tornou-se famosa por ter ventos fortes, ideais para a prática do "kitesurf", e pela árvore da preguiça, que sucumbiu à força do vento. É nesta praia que as correntes marinhas depositam os sedimentos que vão formar as dunas do Parque Nacional de Jericoacoara. Segue-se para Jijoca, conhecida pela sua lagoa que se divide em dois trechos a Lagoa Azul e a Lagoa do Paraíso. A primeira tem águas azuis cristalinas e está rodeada de areia branca, enquanto a segunda está mais desenvolvida para o turismo, com restaurantes e cafés.

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