Querendo levar o passeio mais longe, pode-se ir espreitar as obras de recuperação do Chalet da Condessa, o edifício mandado construir por D. Fernando II para a que viria a ser sua mulher.
Antes de sair é obrigatório apreciar uma sequóia que se situa um pouco abaixo do Picadeiro e que sobreviveu ao ciclone da 1941, que derrubou as suas companheiras.
Leitura aconselhada
Um companheiro indispensável
Não faltam, para nos acompanhar em qualquer visita ou passeio por Sintra, livros, guias ou desdobráveis que, melhor ou pior, nos informam e orientam. Mas, apesar de antigo e muito esquecido, o companheiro indispensável para uma estadia em Sintra é o primeiro volume do "Guia de Portugal", coordenado por Raul Proença e cuja primeira edição data de 1924 (as mais recentes, da responsabilidade da Gulbenkian, reproduzem fielmente a original).
Com o formato de uma Bíblia, letra miúda e toda a informação sobre alojamento e transportes desactualizada, esta "bíblia do viajante" leva-nos a Sintra e aos seus parques e palácios pela mão de quem mais competente era para escrever sobre cada tema. Assim, conforme caminhamos e vamos passando as páginas, somos conduzidos por figuras como Afonso Lopes Vieira, Reynaldo dos Santos, Raul Lino, Mário de Azevedo Gomes, Raul Brandão, Aquilino Ribeiro ou Jaime Cortesão. E, se quisermos seguir para Colares e para as praias, aí iremos pela mão do próprio Raul Proença, pois só ele podia descrever assim a Praia da Adraga:
"O que aqui é interessante é o contraste entre as falésias cortadas a pique e a areia onde o mar banzeiro se espraia. O que aqui é admirável é a onde dum verde translúcido, que se despedaça em rolos de escuma sobre as patas do monstro antediluviano."
Onde encontrar as melhores queijadas
Citadas num foral de século XII, de D. Sancho I, as queijadas de Sintra são um dos emblemas da vila. Mas, como veremos ao visitar as quatro fábricas que mantêm a sua tradição, há nesses estabelecimentos outros doces de excepção para descobrir.
Fábrica das verdadeiras queijadas da Sapa
Volta do Duche, 12;
Tel.: 21 923 04 93
É, de acordo com a tradição, a mais antiga casa de queijadas de Sintra e a que mais vezes é citada na literatura. Camilo Castelo Branco, por exemplo, colocou o protagonista de "Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado" (1863) a levar "na algibeira do albornoz um embrulho de queijadas da Sapa". A sua origem remonta a um estabelecimento nascido em 1756, em Ranholas (na estrada para Lisboa), onde Maria Lapa fabricaria as suas queijadas. Mudou-se para as actuais instalações em 1890, depois da construção da linha de caminho-de-ferro, e a casa mantevese sempre na família. Para muitos, continuam a ser as melhores queijadas de Sintra para todos são as de mais antiga tradição.
Fábrica de queijadas Constância Piriquita
Rua das Padarias, 1;
Tel.: 21 923 06 26
A Piriquita também fabrica e vende queijadas, mas muitos dos que lá se dirigem têm por objectivo deliciarem-se com os seus travesseiros, um bolo de massa folhada recheada com doces de ovos. Situada no coração da Vila Velha, sempre cheia aos fi ns-de-semana, a casa fundada em 1862 por Constância Gomes "Piriquita" tornar-se-ia conhecida pela alcunha por que o rei D. Carlos tratava a fundadora. Mas não é a ela, mas sim à sua filha, que todos devemos a receita dos travesseiros.