Parque da Espanha Industrial
Ocupando os 4,6 hectares desocupados pela demolição de uma fábrica de têxteis do século XIX, o Parque da Espanha Industrial (1985) situa-se a dois passos da estação de comboios de Sants. Foi desenhado pelo basco Luis Peña Ganchegui, que desconstruiu brilhantemente, mas de forma muito pouco funcional, o conceito de jardim romântico. O parque é centrado num lago sinuoso e navegável, bordado por um anfiteatro da qual arrancam quatro torres-faróis, que iluminam na mesma medida em que servem de miradouro. O conjunto é rematado por um enorme escultura de um dragão, que serve também de tobogã, da autoria de Andrés Nagel.
Tem as coisas que é costume ver num jardim (lago, escadarias, esculturas, mas conjugadas de forma completamente inédita. Mesmo numa cidade tão dada a ousadias quanto Barcelona, este parque constitui uma excentricidade que ainda hoje dá que pasmar. Não tardou, aliás, a dar problemas, uma série de infelizes acidentes que ditaram o encerramento tanto do anfiteatro como das torres, a que se veio juntar o esvaziamento do lago por causa da seca. Agora a criação visionária de Luis Peña Ganchegui entrou em obras que vão durar até 2011 e que prometem tornar o parque mais verde, seguro e adaptado ao recreio dos vizinhos.
Parque Del Clot
Outra variação sobre o modelo de parque de arquitecto encontra-se no antigo bairro de Clot, a dois passos da Praça das Glories e da Torre Agbar. O que aqui havia eram oficinas da ferroviária Renfe e uma estação de comboios, ocupando uma área total de cerca de quatro hectares. A sua reconversão em parque, assinada por Daniel Freixas e Vicente Miranda, ocorreu em 1986 e implicou demolições, mas que neste caso foram apenas parciais.
As demolições criaram espaço para manchas de bosque e de jardim, bem como peças de mobília urbana destinadas ao seu usufruto, tais como pontes pedonais e torres de vidro. Preservados foram, por outro lado, alguns dos elementos mais emblemáticos das antigas instalações ferroviárias, incluindo uma enorme chaminé, colunas de ferro e arcos de tijolo. Assim nasceu uma mancha de natureza artificial, decorada por ruínas industriais, que responde às necessidades de lazer dos habitantes do bairro, na mesma medida em que presta homenagem ao seu passado operário. Foi e continua a ser um caso de sucesso popular e por isso mesmo começa a estar gasto e a precisar de obras.
Parque da Creueta Del Coll e Vall D'Hebron
Outra ideia pioneira foi esta de transformar em espaço público uma pedreira abandonada nas alturas de Barcelona. São 16,4 hectares de terreno escarpado, já nas faldas da serrania da Collserola, alguns degraus acima do famoso Parque Güell. O plano de reconversão, desenvolvido entre 2001 e 2007, deve-se a Josep Martorell e David Mackay (os mesmos da Vila Olímpica), que no lugar da antiga cratera da pedreira desenharam um elegante lago em meia-lua, mantendo em redor a vegetação que naturalmente cobre as montanhas. No Verão o lago funciona como piscina artificial, complementada por parques de merendas e trilhos nos bosques circundantes, que oferecem vistas fantásticas sobre a cidade. Típico parque artístico, a Creueta Del Coll tem por elemento mais distintivo "O Elogio da Água" da autoria de Eduardo Chillida: uma garra de cinco toneladas de betão, ameaçadoramente suspensa por cabos de aço sobre um pequeno tanque, recortado na concha interior da cratera.