O colosso de Chillida é parte de uma colecção de esculturas, mais de uma centena plantadas um pouco por toda o lado no perímetro urbano de Barcelona, a propósito das Olimpíadas. Algumas destas obras marcaram tanto a história da cidade como da arte pública internacional. É o caso por excelência de "Matches", de Claes Oldenburg, réplica gigante de uma carteira de fósforos, que faz humor com a chama olímpica. Encontra-se numa encruzilhada de vias em Vall d'Hebron, outra vasta mancha verde nos sopés da Collserola, que foi um dos centros olímpicos em 92.
Jardim Botânico
A vaga de parques artísticos levou a um excesso do design sobre a funcionalidade, fez subir de tom os protestos populares e conduziu a edilidade a adoptar uma política mais verde e atenta aos valores ambientais. A mudança chegou com a requalificação do Jardim Botânico, nas alturas de Montjuïc, um recinto que data de 1931, mas foi bastante danificado pelas obras de construção dos equipamentos olímpicos nas vizinhanças. A intervenção em 14 hectares prolongou-se de 1995 a 99 e foi assinada por uma equipa multidisciplinar, incluindo o arquitecto Carlos Ferrater e a paisagista Bet Figueras. O resultado é uma nova síntese de arquitectura contemporânea (edifícios futuristas, bancos em aço, caminhos angulares em betão) com a escrupulosa recriação dos habitats naturais das espécies botânicas que constelam o jardim.
Outro fruto inovador do cruzamento do design com o verde é o Mirador de Poblo Sec, também inaugurado em Montjuïc, em 1999. O projecto, da autoria de Patrizia Falcone, devolveu ao Mirador (construído nos anos 20) a dimensão teatral de balcão sobre a cidade e de pólo de transição entre o vale urbanizado e a montanha florestada. Veio, por outro lado, enriquecê-lo com uma nova mancha verde de perto de três hectares que alterna zonas ajardinadas convencionais com pomares de árvores de fruta, reminiscentes das hortas ilegais que antes aqui estavam plantadas. O Jardim Botânico e o Mirador de Poble Sec são, entretanto, as primeiras obras acabadas do projecto em marcha de transfiguração de toda a montanha a sul da cidade num parque de múltiplos cenários ajardinados, já publicitada como "a nova acrópole verde de Barcelona".
Diagonal Mar
A construção do bairro Diagonal Sul, na frente marítima norte da cidade, foi a última grande empresa urbanística lançada em Barcelona, na contagem decrescente para o Fórum de 2004. O parque, obra póstuma de Henric Miralles (1955-2000), foi projectado para servir não apenas de pulmão do bairro, mas também de eixo à nova trama urbana. Eixo que é tudo menos convencional, uma vez que a sua planta é a de uma árvore, que se bifurca a partir do mar e depois se ramifica em várias direcções, alongando-se no espaço livre entre a constelação de ilhas de imóveis luxuosos que o circundam.
São 14,3 hectares de acrobacias paisagísticas, incluindo colinas artificiais com diversões pré-adolescentes, um lago de esculturas de aço as emblemáticas estruturas tubulares que são a assinatura de Miralles, passadeiras irregulares em madeira, sinuosos bancos de pedra e vasos gigantes em cerâmica fragmentada suspensos sobre pérgulas, mais um par de ruínas conservadas da antiga oficina de construção de carruagens de comboios, que existia no local. É também o primeiro parque de Barcelona a reger-se por critérios de sustentabilidade, alimentando-se de águas freáticas, um expediente que virá igualmente a ser adoptado no parque de Poblenou.