Fugas - Viagens

Forte de São Vicente

Forte de São Vicente Ricardo Silva

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Viajar no tempo pelas Linhas de Torres

É para aí que seguimos. Percorrendo a EN115 em direcção a Sobral de Monte Agraço, há que virar à esquerda, onde está a indicação de Cabeda. Seguindo em frente por uma estrada sinuosa, toma-se a ER374 ao fim de uma descida acentuada, virando à esquerda na indicação de Pêro Negro. Passando a localidade de Perna-de-Pau, é tempo de virar à direita para Pêro Negro e passar a linha de caminho-de-ferro do Oeste. Já dentro da localidade, lá está o edifício amarelo, hoje propriedade privada dentro da Quinta dos Freixos, onde Arthur Wellesley estabeleceu o seu quartel-general. Não há que enganar: uma placa na fachada assinala a efeméride. O quartel-general de Willliam Beresford também não fica longe, a cerca de um quilómetro, em Casal Coxim, Sapataria (GPS 38º 58" 46,702""N, 09º 11" 56,034""W). Mas aqui a decepção pode ser grande, pois a casa, integrada numa propriedade rural abandonada, está em adiantado estado de degradação.

Na estrada de Runa para Dois Portos, uma placa de estrada indica onde sair para o Forte do Alqueidão (GPS 38º 59" 10,590""N, 09º 09" 07,472""W), o maior das Linhas de Torres. O núcleo de apoio aos visitantes anuncia a chegada ao local. Os praticantes de pedestrianismo têm uma boa oportunidade de pôr a sua resistência à prova durante os 16 quilómetros do GR30 - Rota das Linhas de Torres. Em alternativa, podem trilhar a calçada da estrada militar até ao topo, onde fica o forte. Do alto dos 439 metros da serra, posição central na estratégia defensiva de Wellington, avista-se uma paisagem espectacular, que vai do Atlântico ao Tejo, cruzando as duas primeiras linhas defensivas e detendo-se tanto no monte do Socorro como no maciço de Montejunto. É uma ampla estrutura militar, bem conservada, com 35 mil metros quadrados de área, quatro paióis e três pequenos redutos interiores de defesa. Os traveses ainda são visíveis, assim como as fundações da casa do governador.

Até ao vale de Arruda dos Vinhos, em plena rota dos desfiladeiros, é um pulo. Retemperadas as energias (uma sugestão: restaurante O Nazareth em Arruda, na Rua Cândido dos Reis), o caminho para os fortes do Cego (GPS 38º 58" 08""N, 09º 05" 09""W) e da Carvalha (GPS 38º 58" 22""N, 09º 06" 13""W), nos montes circundantes, poderá parecer mais fácil. Volta a ser possível contemplar o rio Tejo, mas desta vez na área da foz, assim como a serra de Sintra e o Palácio da Pena. É uma incursão breve numa proposta de circuito que pode ser explorada com vagar durante um fim-de-semana completo.

Resta fazer, em sentido inverso, o percurso que leva do Tejo ao Atlântico, tendo Alhandra como ponto de partida. Na vila industrial ribeirinha situa-se o Monumento aos Defensores das Linhas de Torres Vedras (GPS 38º 55" 28,362""N, 09º 0" 58,380""W), também conhecido como estátua de Hércules. É acessível pela EN10. No sentido de Vila Franca de Xira, o viajante terá de virar na segunda placa que indica o Sobralinho, seguindo depois sempre em frente pela estrada do miradouro. Mesmo por cima da fábrica da Cimpor, é uma vista magnífica a que se pode ter sobre a lezíria, exactamente a partir do local onde existiu o Forte da Boavista, que controlava uma eventual invasão pela margem do Tejo. Em seu lugar está hoje o monumento, encimado com a estátua do herói mitológico grego, da autoria de Simões de Almeida.

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