Fugas - Viagens

  • Em 2004
    Em 2004 Nacho Doce / Reuters
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    Em 2004 Nacho Doce / Reuters
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    Em 2004 Nacho Doce / Reuters
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    Em 2004 Nacho Doce / Reuters
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    Em 2004 Nacho Doce / Reuters
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    Em 2004 Reuters
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    Em 2011 Rafael Marchante / Reuters
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    Em 2011 Rafael Marchante / Reuters
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    Em 2011 Rafael Marchante / Reuters
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    Em 2004 Nacho Doce/Reuters
  • Em 1998
    Em 1998 Reuters
  • Em 1998
    Em 1998 Reuters
  • Durante os preparativos da festa em 2011
    Durante os preparativos da festa em 2011 Pedro Cunha
  • Durante os preparativos da festa em 2011
    Durante os preparativos da festa em 2011 Pedro Cunha
  • Durante os preparativos da festa em 2011
    Durante os preparativos da festa em 2011 Pedro Cunha
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    Durante os preparativos da festa em 2011 Pedro Cunha
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    Durante os preparativos da festa em 2011 Pedro Cunha
  • Campo Maior
    Campo Maior Pedro Cunha

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Campo Maior das flores

Uma geração inovadora

Ninguém fica indiferente ao peso da tradição, nascida no final do século XIX, em homenagem aos contrabandistas e a São João Baptista. "Era uma decoração que se fazia em algumas ruas, à base de plantas, folhas e ramos de árvores, e que foi evoluindo. Foram-se introduzindo algumas decorações em papel, até que, chegados aos dias de hoje, este se tornou o elemento fundamental", conta João Rosinha, presidente da Associação das Festas de Campo Maior. Nem mesmo os mais novos. Campo Maior precisa de se preocupar. O Alentejo, para a vila raiana, continuará a ser feito de flores, pelo menos enquanto existirem empenhados membros da nova geração, como José Marchã. Só ele teve a seu cargo duas tarefas de peso: encabeçar a última rua inscrita e decorar os espaços municipais. "Para já, o motivo principal para esta empreitada é o gosto. Desde miúdo que participo nas festas e que ajudei os meus pais e os meus avós. Tive a sorte de ter um trabalho que me permite mexer no papel, trabalhar o papel, experimentar técnicas novas e situações diferentes."

Para o funcionário da biblioteca de Campo Maior, o gosto e o saber fazer são fundamentais. Dividido entre dois projectos, assegura que "as coisas não se misturam": o da rua foi pensado ao mais ínfimo pormenor, o dos espaços municipais foi um pouco mais ligeiro. No segundo caso, trabalhou durante quatro meses apenas com uma colega na criação de canteiros e vasos de barro, com flores de todas as cores, do branco ao negro, do azul ao rosa. "Uma das nossas prioridades foi fazer qualquer coisa que nunca tivesse surgido em termos de festa. E acho que conseguimos, não só em termos de flor - inspirada no hibisco -, mas também pela junção da flor maior com uma mais pequena."

No primeiro caso, o estatuto de últimos ditou um trabalho simples, sem flores minuciosas. "Sou apologista da flor tradicional, mas tendo em conta o pessoal disponível e o tempo, tivemos de optar por uma flor mais evoluída, mais fácil". A Rua de Elvas, pintada a preto, verde-alface, rosa, salmão, bordeaux e bege, é também a "mais económica", porque os seus habitantes foram aos contentores da fábrica da Delta buscar material (sobra das cápsulas). "Tudo o que pudemos aproveitar trouxemos". Antes mesmo tinham-se lançado no desafio de introduzir a reciclagem em tempos de crise, usando jornais e prospectos do Lidl.

Sem tempo para grandes aventuras, a Rua de Elvas recorreu à "máquina", uma espécie de Messias de uma edição preparada num ápice, para preparar os tectos. "Não sou capaz de dizer os quilómetros de papel que trabalhei, mas sei que esta máquina faz 258 mil cortes por dia. Isso só se fazia em três, quatro meses à mão", conta Luís Cunha, orgulhoso do engenho único no mundo, criado pelo engenheiro Barradas, um homem de Vila Viçosa, e elaborado na Áustria, com a precisão do laser e força de um camião de 280 toneladas. O desperdício de papel cresceu - vai todo para reciclagem -, mas a qualidade e a perfeição aumentaram, porque o que antes era riscado com lápis e cortado à mão, agora é milimetricamente criado pela máquina. No início faziam-se 700/800 peças por dia, depois Luís Cunha foi conhecendo os caprichos da "máquina", aperfeiçoou-a e perdeu as contas às peças feitas desde Março. Hoje, o homem que guarda religiosamente um jornal com 45 anos - "É uma edição só das festas, todas as paginas têm fotos das ruas todas" - tem o sentido de missão cumprida. Ele e todos os campomaiorenses que viram amanhecer o seu jardim particular. Porque, como faz notar Ricardo Pinheiro, aquela sensação de bem-estar que cada campomaiorense tem, numa belíssima manhã de Agosto, é um sentimento que não é pago com nada no mundo.

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