Fugas - Viagens

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De bicicleta por onde antes passava o comboio

Há ainda alguns atravessamentos com estradas que não foram bem resolvidos, com lombas em paralelo que se tornam perigosas para os ciclistas. E nem todos esses atravessamentos estão sinalizados de uma forma clara. Clara é a passagem pelos diferentes concelhos, com o piso a mudar de cor em cada um deles — vermelho em Viseu, verde em Tondela, azul em Santa Comba Dão. Um conselho para o leitor se decidir aventurar-se nesta ecopista e só num sentido. Faça-o de Viseu para Santa Comba Dão para usufruir das vantagens de andar de bicicleta a descer durante quase 60% do percurso.


6. Montemor-o-Novo - Torre da Gadanha
Ecopista do Montado, um nome que diz tudo

O nome que a Câmara de Montemor-o-Novo lhe deu (Ecopista do Montado) diz tudo. São 13 quilómetros sob a sombra dos sobreiros que acompanham a pista até à estação ferroviária de Torre da Gadanha. Os primeiros cinco quilómetros são alcatroados e em dois cruzamentos com estradas há até semáforos em que o peão a verde e vermelho foi substituído por uma bicicleta a verde e vermelho. O resto do traçado é feito num piso de terra batida que está em óptimo estado. Não é um percurso plano. Também não é um sobe e desce, sobe e desce. É antes um sobe-sobe até à estação de Paião, que fica mais ou menos a meio do caminho, e um desce-desce até à Torre da Gadanha.

A partir de Paião estão assinalados vários percursos alternativos para bicicletas de todo-o-terreno. Percebe-se que a ecopista é pouco utilizada. Durante todo o percurso (Montemor-Torre-Montemor) cruzámo-nos com apenas dois cicloturistas. Mas o mistério deste trajecto é mesmo a estação ferroviária da Torre da Gadanha. Um edifício grande e outros mais pequenos recuperados recentemente que, pura e simplesmente, estão fechados. Na linha do horizonte não há uma única povoação.

Junto à estação, um pequeno café e restaurante chamado Beco da Torre. “Só abro ao meio-dia”, diz Teresa Almeida, a proprietária que nasceu e viveu a maior parte da sua vida na região de Aveiro e que recentemente decidiu investir ali no café e no turismo de habitação (burrabolha.blogspot.com). “Comboios só passam dois de manhã e dois à tarde. Mas nenhum deles pára. Era suposto que a estação servisse a povoação de São Cristóvão, que fica a 15 quilómetros”, acrescenta. Por isso, para infelicidade de Teresa Almeida, os clientes não abundam. “Aos fins-de-semana aparecem por aqui uns ciclistas todos artilhados, com capacetes, sacos de água e bananas. Mas esses não param. São todos profissionais”, relata. O que lhe vai valendo são os caçadores que organizam ali umas jantaradas e uma ou outra família que decide fazer o percurso da ecopista do montado. 


7. Évora - Arraiolos
O encontro com um ás do pedal

As câmaras de Évora, Arraiolos e Mora queriam construir na antiga linha de caminho-de-ferro que ligava estes três concelhos a maior ecopista do país. No total seriam cerca de 60 quilómetros (120 ida e volta). Mas a realidade é diferente. O percurso entre Évora e Arraiolos é já um contínuo. Em Mora há também alguns quilómetros já tratados. A ligação entre as sedes dos três municípios ainda não está concluída. Ficamos, assim, com alguma água na boca, já que o troço ciclável é do melhor, embora com um pequeno handicap — não há qualquer sítio para o abastecimento de água, tão necessária naquele sufoco alentejano.

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