Não que isso seja um óbice para os praticantes de BTT. Évora parece ser, aliás, a capital do todo- -o-terreno. “Ainda há poucos dias houve aqui uma maratona de 86 quilómetros por percursos de terra em que participaram 900 pessoas”, conta José Valente, 48 anos, funcionário da Câmara de Arraiolos, montado na sua BTT, em fibra de carbono e com travões de disco. Falava no início da ecopista de Évora, às nove horas da manhã de um sábado em que o motivo principal das conversas era o rescaldo do jogo da véspera entre o FC Porto e o Benfica. A essa hora, já José Valente tinha feito o percurso entre Arraiolos e Évora. “Não vim a abrir. Vim aqui mais em ritmo de passeio” — e que passeio, sem uma pinga de suor no rosto, com a respiração normal, enquanto o seu companheiro ainda tentava recompor-se da jornada matinal. “Sabe, este meu amigo ainda só tem bicicleta há dois meses”, justifica José Valente, um verdadeiro às do pedal, que regressaria a Arraiolos logo em seguida. “Mas logo à noite estou cá [Évora] outra vez para uma maratona nocturna. E, aí sim, é para queimar calorias”.
Na verdade, quer em Évora quer em Arraiolos existem clubes de cicloturistas e quejandos. Mas esta ecopista não é só para ases do pedal. Grupos de turistas ingleses vão frequentemente às compras e almoçar a Arraiolos. Eventualmente, regressam de camioneta, como, aliás, fez nesse sábado de manhã um grupo de 50 cicloturistas de Lisboa, todos funcionários (e respectivas famílias) da Canon Portugal. “O autocarro levou-nos até Arraiolos. Agora vamos até Évora almoçar e depois regressamos a Lisboa no mesmo autocarro”, contam. Não sabem é que escolheram o percurso mais fácil. Grande parte do traçado entre Arraiolos e Évora (que, aliás, atravessa duas reservas de caça turística) é sempre a descer. E nem mesmo as lebres e os coelhos que correm à frente das bicicletas atrapalham. Nem os buracos escavados pelos javalis no meio da ecopista eborense são difíceis de transpor.