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Na Capital Europeia da Juventude o futuro faz-se à sombra de Deus

Por Andeia Marques Pereira

Tem dois mil anos e em 2012 abre os braços aos mais jovens. Tirámos o pulso a Braga e percebemos que a cidade tem mesmo novo frémito. Será para durar?

Restaurantes: Mesa posta para novos hábitos e tendências


Não planeámos abordar o centro histórico de Braga pelo Arco da Porta Nova, mas o certo é que acabamos por fazê-lo e é difícil não ver aí um certo simbolismo - sentimo-nos como se só então chegássemos verdadeiramente à cidade. E é inesperado sermos saudados no coração da cidade, as "arcadas", por música de José Afonso, mas é ela que atravessa o ar, cortesia da CGTP e do carro ali estacionado contra o aumento do horário de trabalho. Em poucos minutos passamos da memória histórica ao presente pragmático, uma dualidade com que Braga convive tão naturalmente que, apesar de ter mais de dois mil anos de idade, é Capital Europeia da Juventude (CEJ).

Braga acompanhou a evolução dos tempos. A cidade que foi capital da Galécia romana, capital dos suevos e sede de bispado que chegou a rivalizar com Santiago de Compostela chegou, quase sem se dar por ela, a terceira cidade portuguesa. Pelo meio, viajou pela história ao sabor dos caprichos dos seus bispos, verdadeiros senhores da cidade: cresceu medieval dentro de muralhas, quis ser um epígono de Roma já estávamos no Renascimento, e aos 17 séculos de idade fez uma operação plástica barroca. À sombra de Deus, portanto, não por acaso o nome da colectânea que nos anos 1980 revelou Braga como um caso de estudo no panorama musical português. "Temos uma herança muito ligada à religião, associada à ideia de um certo conservadorismo", nota Francisco Quinta, 23 anos, "mas por outro lado há coisas diferentes, pessoas empreendedoras". "E as coisas começam a surgir em equilíbrio, harmonia".

Não é difícil perceber que Braga tem um passou a barreira do segundo milénio com novo frémito: de sacudir o peso da idade, arejar ideias feitas e conquistar o futuro. Um futuro que vai recordar 2012 como o ano em que Braga - população: 180 mil habitantes; jovens: 85 mil, incluindo os 17 mil alunos da Universidade do Minho (UM) - foi Capital Europeia da Juventude Capital Europeia da Juventude.

Não é um evento consensual, contudo (quase) ninguém lhe passa ao lado. Mesmo apontando-lhe falhas. Uma coisa parece certa: sendo um dos motes desta CEJ capital a formação, o empreendedorismo e a inovação dos jovens, estes parecem já estar a fervilhar em Braga. À margem de quaisquer efemérides. E sentem-se na rua.


É difícil ser desalinhado

Percebe-se que há algo de diferente na cidade enquanto se caminha naquela que é uma das maiores áreas pedonais do país (e sempre a aumentar), a que envolve parte do núcleo histórico - - a zona a que a Associação Comercial de Braga chama de "o maior centro comercial ao ar livre do país". Há lojas, bares, restaurantes - alguns são embrionários, outros instalados, outros a mudar. E nos neófitos e nos convertidos há traços cem comunsm que saltam à vista de quem espreita: um cuidado extremo no design e uma atitude de proximidade para com os clientes.

É assim o Caffé Noir, um clube de jazz e de chá, cheio de mobiliário antigo e objectos mais ou menos vintage. Aqui, o grande orgulho são os scones, receita da avó, mas custaram a entrar nos hábitos da cidade onde "o bolo de arroz é o habitual", ironiza Eduardo Gonçalves, 32 anos, o proprietário. "É complicado ser desalinhado em Braga, é difícil inovar", avalia, não sem alguma amargura - e ele até inovou: os seus menus em braille foram os primeiros em Portugal, segundo a ACAPO - mas também com determinação: nado e criado aqui, sentiu que "precisava de fazer algo pela cidade".

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