Fugas - Viagens

  • Corte de Artur
    Corte de Artur
  • Porta Dourada
    Porta Dourada
  • Porta Dourada
    Porta Dourada
  • Zaspa
    Zaspa
  • Zaspa
    Zaspa
  • Zaspa
    Zaspa
  • Corte de Artur
    Corte de Artur
  • Mercado Municipal
    Mercado Municipal
  • Estaleiros
    Estaleiros
  • Arena
    Arena
  • Arena
    Arena
  • Arena
    Arena

Continuação: página 2 de 4

Gdansk: Memória e reinvenção

O destino principal é, por enquanto, a península de Westerplatte, sete quilómetros a norte do porto de Gdansk, onde a 1 de Setembro de 1939 foram disparados os primeiros tiros de canhão da Segunda Grande Guerra. Lá se encontram as casernas dos soldados polacos, ou o que delas restou depois do ataque alemão, e um monumento à sua memória, que mais parece um totem de índios americanos. Westerplatte visita-se usualmente em excursão de barco a partir do centro da cidade, que é também a melhor maneira de espiar os estaleiros navais.

Na cidade a que os alemães chamavam Danzig visitam-se ainda o quartel general da Gestapo (Okopowa, 9), a casa onde o sinistro Dr. Spanner fabricou sabonetes com gordura humana (Academia de Medicina), vários bunkers nazis e essa coisa rara na Polónia que é um cemitério inteiro dedicado às vítimas russas do conflito (Maja, 9).


Da periferia ao centro

O Centro Europeu de Solidariedade e o Museu da Segunda Grande Guerra - a que se poderá juntar a PGE Arena, construída de propósito para o Euro 2012 -, são os projectos mais emblemáticos da Gdansk do século XXI. Mas há outros focos de requalificação na cidade, nomeadamente na ilha dos Celeiros e na margem direita do rio Motlawa: uma vasta zona de docas em ruínas, desde 1945, agora na iminência de se tornar numa versão local do Parque das Nações. Gdansk é, em qualquer caso, uma das cidade europeias que mais promete transfigurar-se nas próximas décadas.

Parte do processo consiste em reciclar manchas de cinzentismo e zonas degradadas. Apontam neste sentido as reconversões de dinossauros industriais em museus e galerias de arte, como o Instituto Wyspa, sediado num antigo armazém dos estaleiros, e a Laznia, que ocupa uma casa de banhos centenária na margem direita do Motlawa. O Wyspa deixou as paredes descarnadas, o Laznia pintou tudo de branco, mas ambos apostam em programações ousadas, alinhadas com as franjas internacionais das artes e da cultura.

O que Gdansk oferece de mais original na área da reabilitação é, porém, o bairro de Zaspa. Ocupando terrenos deixados vagos pela transferência do aeroporto para fora da cidade, nos anos de 1970, este é um bairro de grandes blocos de apartamentos, isolados entre descampados, o maior dos quais se alonga por quase 800 metros. Uma paisagem urbana desqualificada, agora tornada um pouco mais fantasista, ou não tão deprimente graças às pinturas monumentais com que jovens artistas locais têm vindo a cobrir as empenas desses blocos, desde há dois anos a esta parte. A maior parte são leituras pouco ortodoxas das grandes datas que marcaram a história da cidade, comemorando acontecimentos como os 70 anos de eclosão da Segunda Grande Guerra, ou os 20 anos dos acordos de Gdansk.

Algures entre os muralistas mexicanos e os artistas de rua pós-graffiti, Zaspa está a tornar-se um museu a céu aberto e uma insuspeita sensação alternativa de Gdansk. Claro que depois há atracções mais convencionais, nomeadamente na Cidade Principal (Glowne Miasto), rede de ruas paralelas que desembocam no rio Motlawa e correspondem à zona nobre do que foi uma das mais poderosas cidades da Liga Hanseática.

--%>