Atracção interior
A baixa de Poznan gira em torno do majestoso Castelo do Imperador, publicitado como "o castelo mais jovem da Europa". Na realidade não é um castelo, mas um palácio mandado construir por Guilherme II, último imperador prussiano, entre 1905 e 1910. O casarão gizado em estilo neo-romanesco era a peça central de um bairro com que o tresloucado kaiser pretendia marcar a supremacia germânica, bairro do qual hoje se conservam outros edifícios colossais, como o neoclássico Grande Teatro e o neobarroco Collegium Maius.
Perdida a Guerra de 14-18, os alemães foram forçados a regressar a casa, só para voltarem a invadir a Polónia em 1939. Nessa altura expulsaram 100 mil polacos para dar lugar a colonos volksdeutch, decididos a converter as férteis planícies da Grande Polónia no celeiro do Terceiro Reich. O arquitecto Albert Speer foi chamado a redesenhar os interiores do Castelo, de forma a restituir-lhe o estatuto de centro do poder alemão e servir de residência pessoal de Hitler. O führer nunca chegou a por lá os pés, mas isso não impediu a remodelação, nomeadamente a conversão da capela numa réplica do gabinete da Chancelaria do Reich. O posterior governo comunista quis demolir, mas não se pôde dar a esse luxo numa cidade já de si em ruínas e por isso hoje Poznan detém os interiores mais bem conservados da era nazi.
Mesmo despojadas do mobiliário original, sem suásticas nem nada de tão óbvio, as salas e escadarias do palácio conservam uma imponência sórdida, que chega a ser intimidante. O Castelo Imperial está classificado e visita-se como qualquer outro monumento, mas funciona também como centro cultural com espaços dedicados ao cinema, ao teatro e à exposição de arte. Muitas destas manifestações culturais têm sabor multicultural e vanguardista, propiciando sugestivas confrontações com a moldura nazi.
Soviet chic
Poznan é a cidade principal da Grande Polónia, onde os polacos primeiro assentaram no século X e cujos limites actuais são quase os mesmos do primeiro estado polaco. O centro antigo da cidade, desenvolvido em torno da praça do mercado, está constelado de edifícios notáveis, que invocam algumas das páginas mais brilhantes do seu passado. Mas, como tantas outras cidades polacas, Poznan foi muito castigada pelos bombardeamentos da Segunda Grande Guerra e estima-se que 90% da cidade velha estava reduzida a pó quando as armas se calaram, em 1945.
A maior parte dos edifícios iconográficos da primeira cidade do país foram entretanto restaurados e hoje parecem mais duplos do que prédios realmente com história. É o caso por excelência da Praça do Mercado, a terceira maior do país, emoldurada por belíssimos edifícios renascentistas, incluindo as coloridas casas dos mercadores, e a Câmara Municipal, com uma loggia de arcadas em três pisos. O Arsenal primitivo, no entanto, não foi recriado e o que lá está é uma declinação singela do Realismo Soviético, que contrasta agudamente com a matriz renascentista do resto da praça. Noutros lados da cidade persistem testemunhos mais simpáticos do modernismo pós-guerra, como é o caso do Rotunda, arranha-céus envergonhado mas elegante, a dois quarteirões do Castelo do Imperador.