Fugas - Viagens

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  • Auto-retrato: Mãe elefante e cria captados pelas câmaras automáticas do parque, sensíveis ao movimento
    Auto-retrato: Mãe elefante e cria captados pelas câmaras automáticas do parque, sensíveis ao movimento Parque Nacional da Gorongosa

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Gorongosa, lugar do silêncio

O Banco Africano de Desenvolvimento, com o apoio da União Europeia e da União Internacional para a Conservação da Natureza, tentou resgatar a reserva. Os meios revelaram-se escassos para uma tão desmesurada tarefa: populações de animais de grande porte estavam reduzidas a 10% ou menos; o acampamento de Chitengo, construído na era colonial, estava desfeito. Homens como Roberto Zolho e Baldeu Chande passaram anos em tendas a tentar salvar o que restava.

O charmoso veterinário

Quando o Governo e a Carr Fundation combinaram restaurar a Gorongosa, em 2004, era preciso captar cientistas, engenheiros, gestores, fiscais. Dezenas de ex-combatentes foram contratados. Njinga pediu para o ser. E foi. É um fiscal do Parque Nacional emprestado à primeira concessão privada, a Explore Gorongosa (ver texto nestas páginas).

Gostava muito de o ter, no banco de trás do jipe, nas incursões pelo mato, ao princípio da manhã ou ao final da tarde (nas horas mais quentes, os animais abrigam-se). Sentia-me segura. E segura perdi a conta aos animais que vi - perto das picadas ou longe e, nesse caso, de binóculos para não os tomar por mancha animada.

Estava maravilhada. Queria ir para lá da mil vezes contada história do milionário norte-americano Greg Carr, que decidiu investir 40 milhões de dólares na restauração da Gorongosa. No Chitengo, estava o informadíssimo Vasco Galante, português, director de comunicação. Onde estava o charmoso veterinário que aparecia no documentário, da National Geographic, Africa's Lost Eden?

A Irene queria muito conhecer Carlos Lopes Pereira. Queria dar-lhe um abraço, expressar gratidão pelo trabalho feito, mas o director dos serviços de conservação acabara de ser promovido a assessor técnico do Governo para todas as reservas e parques naturais de Moçambique: não estava. Haveríamos de encontrá-lo em Maputo e de ouvi-lo contar como desistira de ir para o Botswana e ficara em Moçambique por metade do salário. "Era um grande desafio técnico."

A equipa delineou um plano para recuperar fauna bravia, reconstruir infra-estruturas, fomentar o desenvolvimento económico. O número de fiscais duplicou - alcançou os 120. Criou-se um santuário de vida animal. Previu-se fazer reintrodução massiva, recorrendo ao Zimbabwe. "A situação política não dava", recordou o homem alto, de barba grisalha, botas de montanha, roupas de cores neutras, adequadas ao mato. "As pessoas querem fornecer os animais. Pagamos por eles, mas, quando chega a hora, a licença de exportação, por razões que ninguém percebe, não chega."

Não podiam ficar dependentes da situação política no Zimbabwe. Quem sabe quando se alterará? O Kruger Park, no Nnorte da África do Sul, estava a terminar um programa de reprodução de búfalos livres de tuberculose e tinha de dar destino àqueles animais. Carlos Lopes Pereira foi lá dizer-lhes que o lugar certo era a Gorongosa.

Em Agosto de 2006, vieram os primeiros 54. Havia um risco: a doença transmitida pela mosca tszé-tszé, coisa que os búfalos do Kruger desconhecem há cem anos. O médico veterinário preparou-se para intervir. Não foi necessário. Continuavam resistentes. E os búfalos abriram caminho aos elefantes.

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