Fugas - Viagens

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  • Auto-retrato: Mãe elefante e cria captados pelas câmaras automáticas do parque, sensíveis ao movimento
    Auto-retrato: Mãe elefante e cria captados pelas câmaras automáticas do parque, sensíveis ao movimento Parque Nacional da Gorongosa

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Gorongosa, lugar do silêncio

Os grandes machos quase tinham desaparecido da Gorongosa. Só havia elefantes com dentes pequenos ou sem dentes. Em 2008, vieram dois machos mais velhos e quatro machos mais jovens, escolhidos a dedo, a pensar na regeneração do fundo genético da população que fora massacrada durante anos.

Se fosse hoje, não traria os mais velhos. "O elefante não é um animal comum - pensa, investiga, reage. Os jovens eram meios medrosos. Andavam perto das manadas, mas não se integravam. Depois, lá conseguiram. Os mais velhos punham-se a andar para a frente e para trás como qualquer macho."

Usavam colares transmissores de sinal via satélite. Era assim que a equipa conseguia saber a suamonitorizar a sua posição. Carlos Lopes Pereira até coçava a cabeça ao perceber como se afastavam da reserva. Um chegou a estar a 279 quilómetros do parque. "Lá descobriu a rota dos elefantes. Foi para o rio Zambeze e voltou. E tornou a ir. E foi o azar dele. Houve uns indivíduos que o apanharam."

Os caçadores furtivos tentaram destruir o colar. Carlos Lopes Pereira notou o movimento anómalo. Pediu ao centro de controlo o número de emissões do sinal. Preparou-se para avançar de helicóptero, à procura do animal. De repente, viu uma linha recta em direcção à cidade da Beira. Não podia ser o elefante. Inseriu as referências geográficas no Google: o colar estava dentro de uma casa.

Eram dois caçadores: um francês e um português. "Apanhámos os indivíduos com a mão na massa. Apanhámos os restos do nosso elefante, apanhámos uma ponta que tinha 3,75 metros de um elefante que tinha sido abatido na Zambézia, apanhámos troféus, armas ilegais, munições, uma coisa impressionante."

O outro também teve um fim trágico. Afastou-se do parque por causa dos incêndios, que na Gorongosa são capazes de queimar macacos nas árvores. Caminhou em direcção ao sul. "Nós tentamos trazê-lo de volta e ele acabou morrendo numa combinação de inalação de fumo e stresse de transporte."

Agora, a ideia, é trazer uma família inteira. Os elefantes são muito sociáveis. Vivem em famílias que incluem uma matriarca idosa, vários descendentes e suas crias. Amiúde, diversas famílias partilham um território. Quando se encontram em poços ou no mato, cumprimentam-se com as suas trombas.

São grandes bebedores de água. Para os ver na Gorongosa, melhor será seguir a picada que se estende ao longo do rio Urema. Uma pista: mato alto pisado e ramos e troncos de acácias amarelas partidos. Mas há que manter distância. Há quem diga - veja-se o documentário War Elephants, protagonizado por Bob Poole e Joyce Poole - que sofrem de traumas de guerra. É ajuizado evitar picadas muito fechadas ao anoitecer. Só nos deparamos com eles quando já estamos muito perto e eles não gostam.

Chitas incompetentes

Houve outras aparatosas reintroduções de animais selvagens. Vieram 180 bois-cavalos do Limpopo. Vieram mais 132 búfalos (- 31 do Limpopo e do, 54 do Kruger, outros 47 do Kruger),. Vieram cinco hipopótamos do Isimangaliso Wetland Park, . Vieram quatro chitas da Nodgagi Conservation.

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