Fugas - Viagens

  • O casal Wheeler, que fundou a LP em 1972
    O casal Wheeler, que fundou a LP em 1972 DR
  • O casal Wheeler, no Taj Mahal, durante a sua viagem pela Índia (uma foto do livro
    O casal Wheeler, no Taj Mahal, durante a sua viagem pela Índia (uma foto do livro "The Lonely Planet Story") DR
  • A LP passou por completo para a BBC em 2011
    A LP passou por completo para a BBC em 2011 Rui Farinha
  • De um só livro, a LP, em 40 anos, passou a estar presente nas mais diversas plataformas com milhares de produtos
    De um só livro, a LP, em 40 anos, passou a estar presente nas mais diversas plataformas com milhares de produtos Rui Farinha
  • A LP já vendeu mais de 100 milhões de livros
    A LP já vendeu mais de 100 milhões de livros DR

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O «planeta solitário» na palma das mãos

Ao longo desses tempos, foi-se forjando uma filosofia ou um estilo que conferia aos guias LP uma identidade vincada que os separava dos outros. A principal diferença, na opinião de Tony Wheeler, foi o facto de se aventurarem em “locais ‘estranhos’, locais que as outras editoras não estavam a cobrir”. A forma como abordavam esses locais também era distinta e para tal valiam-se “da muita experiência, dos muitos bons escritores-investigadores e da capacidade de pesquisar as coisas muito minuciosamente”. “E, modestamente”, conclui, “creio que parte da diferença era que eu estava sempre envolvido em tudo, era, de alguma forma, fanático. Viajar era o mais importante”.

O caminho digital

Claro que em 40 anos viajar mudou. O mundo mudou. “Destinos em todo o mundo que outrora estavam fechados a viajantes, desde a antiga União Soviética a grandes porções da América Latina e África, que antes eram pouco visitadas, tornaram-se locais populares”, assinala Tom Hall. O modo como viajamos também se alterou.

“As companhias low-cost tornaram as deslocações curtas fáceis e baratas, o que significa que os viajantes podem fazer mais deslocações curtas. Ao mesmo tempo, destinos como a Austrália, que antes seriam a viagem de uma vida, são agora locais onde as pessoas vão para umas curtas férias de Verão. E cresceu toda uma indústria à volta das viagens de aventura — pequenas operadoras turísticas viajam para locais que antes eram acessíveis apenas a backpackers intrépidos”, descreve.

Tony Wheeler tem uma visão similar. Desde a sua viagem “inaugural” não só a “mecânica das viagens” se alterou “dramaticamente”, como os próprios destinos se transfiguraram. A China, “uma grande porção do mundo”, abriu-se; mas outros locais “fecharam-se, incluindo muitos dos locais visitados”: “Não há muita gente a ir ao Irão, Afeganistão ou Paquistão por estes dias.” De qualquer forma, continua, outras “grandes viagens são possíveis”.

Ele continua em viagem. A última que fez foi ao Cambodja, revela, “a um local arqueológico que ainda não está no radar turístico, Banteay Chhmar”, e para o ano prepara-se para ir à Colômbia, “fazer a caminhada para a Ciudad Perdida”. Dos países que ainda não visitou — e já visitou “uns 155”, sem qualquer corrida para completar listas, salvaguarda — o Iémen está no topo. Assume que prefere locais “estranhos, esquisitos, menos visitados”, por isso não se vê a escrever mais guias turísticos. “A maioria dos sítios sobre os quais gostaria de escrever não fazem sentido em guias: não há gente suficiente a visitá-los para fazer sentido do ponto de vista económico.” No entanto, e apesar de já não estar envolvido oficialmente com a LP, continua a contribuir para livros e para a revista Lonely Planet Traveller, por exemplo; e a escrever os seus próprios livros.

A LP, entretanto, acompanhando as mudanças do mundo, ultrapassou o papel e instalou-se no mundo digital — não confortavelmente, porque o objectivo é a expansão. Por enquanto, o site, as aplicações móveis, os produtos digitais e a sua comunidade de viajantes contribuem para cumprir os desígnios da companhia, que não se alteraram com a entrada da BBC. O que a LP quer é “ajudar o viajante com informação fiável entregue no formato que queira e ajudar os viajantes a relacionar-se entre eles e com companhias que os podem ajudar”, resume Tom Hall.

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