Fugas - Viagens

  • O casal Wheeler, que fundou a LP em 1972
    O casal Wheeler, que fundou a LP em 1972 DR
  • O casal Wheeler, no Taj Mahal, durante a sua viagem pela Índia (uma foto do livro
    O casal Wheeler, no Taj Mahal, durante a sua viagem pela Índia (uma foto do livro "The Lonely Planet Story") DR
  • A LP passou por completo para a BBC em 2011
    A LP passou por completo para a BBC em 2011 Rui Farinha
  • De um só livro, a LP, em 40 anos, passou a estar presente nas mais diversas plataformas com milhares de produtos
    De um só livro, a LP, em 40 anos, passou a estar presente nas mais diversas plataformas com milhares de produtos Rui Farinha
  • A LP já vendeu mais de 100 milhões de livros
    A LP já vendeu mais de 100 milhões de livros DR

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O «planeta solitário» na palma das mãos

E a verdade é que se os livros continuam a ser “de importância fundamental”, cada vez mais viajantes estão a “utilizar recursos digitais, desde o planeamento à viagem em si”. Por isso, “os canais digitais são de grande importância” e há “planos ambiciosos” para o online nos próximos anos, de forma complementar o enorme arquivo de conteúdos disponibilizado, o Thorn Tree (“quadro” de mensagens com 1,1 milhões de utilizadores), a presença no Twitter e Facebook — quase um milhão de fãs e seguidores que têm acesso “a notícias actualizadas, inspiração e conselhos”.

Esta ênfase no espaço digital vai alterar a forma de trabalhar “no campo”. Os escritores LP vão ter de responder cada vez mais às necessidades destes produtos, o que significa mais resenhas de locais a visitar, porque deixarão de estar limitados ao espaço dos livros, informação sobre mais destinos, maior foco em instrumentos de planeamento (como itinerários) e na produção multimédia (imagens e vídeo) para levar os viajantes bem ao centro de tudo.

Afinal, como assinala Tony Wheeler, “não há nada pior do que estar a viajar de ‘A a C’ e descobrir que se perdeu algo deveras interessante em ‘B’”. A LP, e os guias de viagem, devem cobrir todos esses interstícios e aprofundar o que estamos a visitar, as histórias por detrás, como se relacionam com o mundo em volta. Sempre com a opção de a qualquer momento “poder abandonar o guia” e até descobrir que mesmo em locais como Veneza se pode estar em território quase desconhecido, vazio de turistas — “basta afastarmo-nos o suficiente da Praça de São Marcos”.

Actualmente, a LP está “num ponto interessante na sua história”, declara Tom Hall, “uma vez que está a acontecer uma verdadeira mudança na maneira como os viajantes consomem e utilizam o conteúdo para planear a sua viagem e interagir uns com os outros”. Pode ser uma encruzilhada, mas Tom Hall não tem dúvidas: “A essência do que fazemos — recomendar as melhores experiências no mundo — permanece a mesma.” O desafio, analisa, é ser uma “voz relevante” quando as viagens se tornam uma paixão mais global e interligada.

Aí, pode ir-se às raízes da LP. Foi a paixão pelas viagens que levou Tony e Maureen a desbravar este planeta solitário e com eles levaram multidões — que já há muito deixaram de ser apenas dos backpackers originais. “Espero que às vezes tenhamos empurrado as pessoas um pouco mais longe, lhes tenhamos dado inspiração para ir a sítios que nunca haviam pensado visitar”, confessa Tony Wheeler. Continua a ser assim. Nas palavras de Tom Hall: “A única coisa que um viajante precisa é da vontade de viajar, nós guiamo-lo a partir daí.”

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