Fugas - Viagens

  • Conjunto de Espigueiros - Eira do Penedo. Soajo
    Conjunto de Espigueiros - Eira do Penedo. Soajo Nelson Garrido
  • Barracas de Suchão - Gração (S. Jorge)
    Barracas de Suchão - Gração (S. Jorge) Nelson Garrido
  • Mosteiro de Ermelo
    Mosteiro de Ermelo Nelson Garrido
  • S. Bentinho de Ermelo
    S. Bentinho de Ermelo Nelson Garrido
  • Taramelo (Ermelo)
    Taramelo (Ermelo) Nelson Garrido
  • Espigueiro - Soajo
    Espigueiro - Soajo Nelson Garrido
  • Padrão (Sistelo)
    Padrão (Sistelo) Nelson Garrido
  • Núcleo de Espigueiros - Padrão (Sistelo)
    Núcleo de Espigueiros - Padrão (Sistelo) Nelson Garrido
  • Sistelo
    Sistelo Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • Cozinha. Casa de caseiros do Paço de Giela
    Cozinha. Casa de caseiros do Paço de Giela Nelson Garrido
  • Torre e Paço de Giela
    Torre e Paço de Giela Nelson Garrido
  • Ermelo
    Ermelo Nelson Garrido
  • Ermelo
    Ermelo Nelson Garrido
  • Ermelo
    Ermelo Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • Soajo
    Soajo Nelson Garrido
  • Abrigo de pastor com cobertura em Falsa Cúpula (
    Abrigo de pastor com cobertura em Falsa Cúpula ("branda" de Ínsuas - Soajo) Nelson Garrido
  • Interior de abrigo de pastor com cobertura em falsa cúpula (
    Interior de abrigo de pastor com cobertura em falsa cúpula ("branda" de Ínsuas - Soajo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • Núcleo em ruínas - Sistelo
    Núcleo em ruínas - Sistelo Nelson Garrido

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Arcos de Valdevez: Brandas, ruínas e paisagem

“Este é um bom exemplo de uma casa rural mal intervencionada”, comentava, para a Fugas, António Menéres, lamentando “a falta de responsáveis com sentido crítico para não deixar destruir o património”. “Nas arquitecturas tradicionais, eram as próprias pessoas que faziam as suas casas, repetindo os modelos antigos, utilizando as mesmas regras e o mesmo sentido de inter-ajuda. Hoje, se uma pessoa quiser fazer ou recuperar uma casa, chama um empreiteiro, e este traz para aqui os modelos das arquitecturas urbanas, que não têm nada a ver com esta realizade. E isto origina este empobrecimento lamentável”, explicava o arquitecto-fotógrafo – que participou também no colóquio de Arcos de Valdevez com uma exposição de fotografias suas sobre arquitectura popular.

Arquitectura da pedra colada

Ainda no Soajo, como, mais à frente, noutros lugares por onde íamos passando, o guia Fernando Barros ia lamentando aquilo a que chamava a “arquitectura da pedra colada” e a “estética da pedra à vista”, esta última uma moda instaurada pelo Estado Novo nos anos 1940, que ganhou expressão maior nos restauros do Paço dos Duques de Bragança e do Castelo de Guimarães, e que desde essa altura continua a fazer o seu caminho.

A atestar as suas críticas, o jovem arquitecto arcoense – autor da tese de mestrado Construção do Território e Arquitectura na Serra da Peneda. Padrão (Sistelo) e suas ‘brandas’ – um caso de estudo (editada, no ano passado, pelo Município de Arcos de Valdevez) – ia mostrando reproduções de fotografias históricas que documentavam que muitos dos edifícios recentemente recuperados pondo a nu a superfície do granito eram originalmente caiados ou pintados, tanto por fora como por dentro.

Um exemplo é o Mosteiro de S. Bento do Ermelo, na margem direita do Rio Lima, agora transformado numa larga albufeira por cauda da barragem do Touvedo. “Esta transformação no ecossistema até alterou o sabor das famosas laranjas de Ermelo”, lamentava Nuno Soares. A verdade é que a sucessão de laranjais abandonados faz rima com a atmosfera de aldeia-fantasma que hoje se observa junto a este mosteiro do século XIII (Monumento Nacional desde 1977), de raiz cisterciense, mas cujo abandono remonta já ao século XVI – certamente pela falta de rentabilidade das apostas agrícolas dos monges beneditinos da época.

O mosteiro manifesta, de resto, a sua incompletude nas pedras salientes numa das paredes que apontavam para o eventual projecto de construção de uma terceira nave, que ficaria pelo caminho. Uma curiosa estátua de S. Bento (com chapéu) num andor, associada a vestígios de frescos do século XVI por trás do altar-mor e um tecto em masseira decorado com figuras de santos da Igreja constituem os principais motivos de atracção deste templo. O seu enquadramento arquitectónico foi alvo, no início dos anos 2000, de uma discutível intervenção marcada pela banalização do recurso ao granito.

A atmosfera fantasmática da localidade parece só ser modificada com as missas dominicais e, em particular, com a festa anual de 11 de Julho, quando o culto a S. Bento continua a mobilizar uma romaria de milhares de peregrinos.

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