Fugas - Viagens

  • Conjunto de Espigueiros - Eira do Penedo. Soajo
    Conjunto de Espigueiros - Eira do Penedo. Soajo Nelson Garrido
  • Barracas de Suchão - Gração (S. Jorge)
    Barracas de Suchão - Gração (S. Jorge) Nelson Garrido
  • Mosteiro de Ermelo
    Mosteiro de Ermelo Nelson Garrido
  • S. Bentinho de Ermelo
    S. Bentinho de Ermelo Nelson Garrido
  • Taramelo (Ermelo)
    Taramelo (Ermelo) Nelson Garrido
  • Espigueiro - Soajo
    Espigueiro - Soajo Nelson Garrido
  • Padrão (Sistelo)
    Padrão (Sistelo) Nelson Garrido
  • Núcleo de Espigueiros - Padrão (Sistelo)
    Núcleo de Espigueiros - Padrão (Sistelo) Nelson Garrido
  • Sistelo
    Sistelo Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • Cozinha. Casa de caseiros do Paço de Giela
    Cozinha. Casa de caseiros do Paço de Giela Nelson Garrido
  • Torre e Paço de Giela
    Torre e Paço de Giela Nelson Garrido
  • Ermelo
    Ermelo Nelson Garrido
  • Ermelo
    Ermelo Nelson Garrido
  • Ermelo
    Ermelo Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • Soajo
    Soajo Nelson Garrido
  • Abrigo de pastor com cobertura em Falsa Cúpula (
    Abrigo de pastor com cobertura em Falsa Cúpula ("branda" de Ínsuas - Soajo) Nelson Garrido
  • Interior de abrigo de pastor com cobertura em falsa cúpula (
    Interior de abrigo de pastor com cobertura em falsa cúpula ("branda" de Ínsuas - Soajo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • "branda" do Alhal (Padrão - Sistelo) Nelson Garrido
  • Núcleo em ruínas - Sistelo
    Núcleo em ruínas - Sistelo Nelson Garrido

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Arcos de Valdevez: Brandas, ruínas e paisagem

Nesta associação da arquitectura popular com a religiosa, o exemplo mais popular desta região, e já em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês, é o templo da Senhora da Peneda, cuja origem remonta a uma ermida do século XIII. Tem actualmente uma igreja de recorte barroco (séc. XIX) e uma via-sacra que de algum modo replicam as do Bom Jesus de Braga. Mas a Senhora da Peneda tem também um impressionante cenário natural e paisagístico, sob uma escarpa e um majestoso afloramento granítico – conhecido como o “Penedo da Meadinha” –, que a distingue do santuário bracarense. E é palco, todos os anos, durante uma semana no início de Setembro –com um dia reservado aos vizinhos espanhóis –, de uma das maiores romarias do Alto Minho, que Nuno Soares garante ter superado mesmo as multidões que demandam a Senhora da Agonia, em Viana do Castelo.

Brandas, verandas e inverneiras

Entre os santuários de S. Bento de Ermelo e da Senhora da Peneda, o passeio levou-nos a contactar com a realidade das brandas, as aldeias e aglomerados que são ainda a marca mais genuína da arquitectura popular desta região – como do concelho vizinho de Melgaço –, e testemunham, de forma ainda viva nalguns casos, aquilo que é o regime de subsistência mais estrita das populações.

As brandas – também designadas por verandas, por contraposição às inverneiras; ou seja, abrigos de Verão ou de Inverno – são os terrenos e os aglomerados habitacionais que as populações usa(va)m nas estações mais “brandas” do ano, e para onde se transumavam com os seus rebanhos caprinos e gado bovino à procura dos pastos que a neve e a geada tornavam inacessíveis no Inverno.

No percurso, já em pleno Parque Nacional, que liga o Soajo à Senhora da Peneda, há uma rede de brandas, das quais a de S. Bento do Cando é uma das mais curiosas. Não tanto pelo que ainda documenta daquilo que foi a vida difícil das populações na procura das melhores condições de subsistência, mas porque se mostra já como uma duplicação – e, nalguns casos, inesperada residência de Verão – da aldeia “inverneira” da Gavieira, sobranceira ao Rio Castro Laboreiro.

S. Bento de Cando foi também uma localidade fotografada por António Menéres no Inquérito à Arquitectura Popular Portuguesa, onde as velhas casas com cobertura de colmo ostentam agora as marcas da “modernidade” das chamadas “casas de emigrantes”.

O arquitecto e professor Manuel C. Teixeira (Universidade Técnica de Lisboa), que presidiu à comissão científica do colóquio de Arcos de Valdevez, manifestou aqui, em declarações à Fugas, a necessidade de se olhar para esta realidade no seu contexto sociológico. “Há um estigma associado a isto, que é as pessoas terem passado aqui muito frio e muita fome, e, obviamente, se têm recursos e possibilidades de mudar a sua casa, a tendência não será a de reproduzir os modelos antigos, mas outros, que associam a conforto e a um certo desafogo. E isso é perfeitamente legítimo”.

E o autor de Arquitecturas do Granito. Arquitectura Popular (um estudo também editado pelo Município de Arcos de Valdevez) leva-nos, em S. Bento do Cando, a ver o contraste entre um bom e um mau exemplo de intervenção em casas tradicionais. “É preciso educação e sensibilização. Se se mostrar às pessoas a beleza do que está aqui, que isto faz parte da cultura delas, da sua memória, e que é perfeitamente possível recuperar estas estruturas e dotá-las de condições de conforto, adaptando-as a outros modos de vida e aos seus anseios – e, muitas vezes, mais economicamente do que construir casas de raiz –, elas aceitarão esses argumentos”.

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