Fugas - Viagens

  • Nuno Alexandre Mendes
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Um safari na Beira Alta

Vamos parando ao longo do caminho para apreciar as escarpas e, aqui e ali, apontar os pombais caiados de branco, pequenas casitas que serviam de abrigo aos pombos e de depósito de estrume para adubar as terras.

Seguimos por um caminho enlameado à procura das vacas maronesas, como se procurássemos leões na selva. Avistamos finalmente uma manada num vale, depois da curva. Serão nove, entre adultos, vitelos e bebés. Param de comer para ver quem lá vem. Em resposta ao nosso entusiasmo, os animais viram costas assim que paramos o jipe e nos aproximamos. Resignados, voltamos para trás. 

Não chegamos a ir ter com o senhor Abel, o trabalhador rural da ATN que dá nome aos “Sábados do Abel”. Os visitantes da reserva podem ajudá-lo nos vários trabalhos que desenvolve: desmatações, construções, manutenção de trilhos e vedações, plantação de árvores, entre outros.

Em vez disso, seguimos para a próxima missão: encontrar os garranos que andam à soltam pela reserva. São perto de 40, entre adultos e potros, muitos deles nascidos na Faia Brava. Deixamos o jipe e seguimos a pé as pistas (ou melhor, Alice segue as pistas e nós seguimos Alice): as pegadas no chão, o cheiro, o som. A estrada de terra leva-nos até ao vale onde os encontramos a pastar. Robustos, de olhar meigo e atrevido, estão ali como que a dizer “bem-vindos ao acampamento”.

Acampar nas hortas

São quase sete da tarde e o sol vai descendo. No acampamento, as tendas de campanha estão montadas nas Hortas da Sabóia, num terreno plano à sombra das oliveiras. À primeira vista parecem ter algumas falhas de “construção” — já sabíamos que testar o material fazia parte do programa, ainda em afinação. O único problema seria a chuva, e esta acabou por cair ao início da noite, deixando marcas no interior das tendas.

A ATN disponibiliza sacos-cama aos visitantes, que podem ser turistas portugueses, estrangeiros ou grupos escolares. Para as escolas, a associação lançou o programa “Bravos na Faia”, através do qual grupos de 40 crianças podem pernoitar no meio da natureza e aprender mais sobre a biodiversidade da reserva. São precisas, para isso, mais seis tendas estilo safari, no valor de 4150 euros. Para as adquirir, a ATN lançou uma campanha de crowdfunding, que está em curso na plataforma online PPL.com.pt.

O acampamento dispõe de instalações sanitárias, acessíveis a pessoas com mobilidade reduzida, que devem ser bem mais agradáveis no Verão. Quando perguntámos, antes de chegar, se poderíamos tomar banho na reserva, a resposta foi clara: podem, mas a água vai estar à temperatura ambiente (quase negativa, ao fim do dia). Sabíamos o que isso significava. Na Faia Brava não há água canalizada ou electricidade, muito menos esquentador. Safari é safari.

Meia hora para descansar as pernas e pomo-nos outra vez ao caminho. São 19h30 e temos pela frente uma caminhada de 30 minutos até ao jantar, que nos espera em Vale de Afonsinho, no café do senhor Henrique. Ali não há restaurantes, este é mesmo o único café da aldeia, onde se juntam os homens (poucas mulheres) a beber um copo e a ver o futebol, para fugir do frio.

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