Fugas - Viagens

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O primeiro grande guia português de São Tomé e Príncipe é um caso de paixão

Por Luís J. Santos

Um grupo de portugueses “fascinado” pelo país juntou forças para criar e publicar o primordial guia em língua portuguesa deste destino lusófono. Uma epopeia que passou até por fundar uma editora dedicada aos viajantes apaixonados pelos trópicos

Mais de cinco séculos depois de navegadores portugueses descobrirem São Tomé e Príncipe, os visitantes lusófonos daquele arquipélago africano têm, por fim, a vida facilitada. “É um destino onde vamos há muito tempo, muito antes de pensarmos em fazer guias”, conta-nos Renata Monteiro Marques, coordenadora e co-autora do “primeiro guia exaustivo em língua portuguesa” do país, precisamente nas vésperas de partir uma vez mais para São Tomé. Na verdade, o grupo de autores que se lançou na epopeia de criar a obra (e que para tal até fundou uma editora) começou a visitar o país há oito anos por razões profissionais (ligadas à colaboração académica da Universidade de Évora com o território). Depois, foi “crescendo o fascínio”.

Agora, querem dá-lo a conhecer mais e melhor com um guia prático, lançado no último Verão, que nos leva pelas praias e pela avassaladora natureza, pelas roças e história, pela cultura e gastronomia, hotéis e mesas e, claro, à descoberta do seu povo. Mas trata-se até mais do que um guia. É “claramente, um caso de paixão” pelo país a que chegaram para apoiar os primeiros licenciados, lembra Renata, que também está a doutorar-se com uma investigação sobre o “cacau escravo”.

Em formato de bolso (16,5x11cm), o guia espraia-se por 288 páginas e 800 fotos, incluindo tudo o que é preciso saber para visitar este que é um dos países mais pequenos do mundo –  e um dos mais pobres, arquipélago de duas ilhas (a de São Tomé e a do Príncipe) e alguns ilhéus (como o das Rolas, tão célebre pelo resort turístico que acolhe como por estar “no meio do mundo” com o seu marco da linha do Equador), com uma história que passa pelo colonialismo português ou pela produção de cacau.

De beleza natural ímpar capaz de dar azo a verdadeiras imagens de paraíso, a nação tem vindo a apostar cada vez mais no turismo, território em que, não sendo virgem, ainda tem muito caminho a percorrer: em 2012, teve pouco mais de 12.700 turistas, segundo dados oficiais, ainda assim um crescimento de 23% em relação a 2011. E, sublinhe-se, quase metade (45%) eram portugueses. Este ano, tudo aponta para que os números voltem a subir. O que também dependerá muito dos preços: os voos podem custar entre 500 e 700 euros, voo e hotel entre 700 e 1000 euros por pessoa.

“As pessoas mantém a ideia de que é um destino muito caro mas hoje em dia não é de todo verdade”, opina Renata. Além de que “S. Tomé é tão pequeno e seguro que qualquer um pode construir a sua viagem”, afiança. E, fazendo jus a uma garantia que já tinha adiantado à Fugas (“queremos promover o destino porque gostamos dele”), lança as mais-valias que podem convencer qualquer viajante mais indeciso: o país “tem todos os ingredientes para umas férias de sonho. Além da beleza, é paradisíaco como já é raro, pelo menos a preços acessíveis aos comuns dos mortais”.

E isto inclui “desde o património até à história e arquitectura”, com a ressalva de que algum desse património está “bem preservado” mas “outro não” (de facto, não faltam edifícios coloniais em pura decadência). Ainda assim, afiança, “o centro histórico [da capital] é uma pérola e mesmo a degradação acaba por ser quase romântica”. Já o sul de São Tomé e toda a ilha do Príncipe “têm aquelas praias paradisíacas, de águas fantásticas, quentes e transparentes, com areia grossa ou areia preta em algumas áreas”. Em resumo, “aquilo que se imagina numa praia paradisíaca é o que existe em S. Tomé”.

E, além da biodiversidade única, destaca-se também, sublinha Renata, pelo seu povo: tem “pessoas fantásticas, acolhedoras. Recebem bem os turistas, tentam colaborar”. “Seria o que punha acima de tudo o resto: a simpatia das pessoas”.

Sob o signo dos trópicos

Até à publicação deste guia, quem visitava o arquipélago poderia contar apenas com o site do turismo são-tomense (recentemente renovado), informações dispersas pela net, brochuras ou registos de viajantes. Na bagagem, poderia até levar o, até agora, único verdadeiro guia, o da conceituada editora britânica Bradt, especializada em destinos menos massificados, mas que já data de 2008, demasiado tempo para um território de “alguma volatilidade”. No terreno, encontraria um livrinho com chancela das Páginas Amarelas com alguma informação básica sobre pontos turísticos.

Foi a falta de uma obra de matriz lusa e mais aprofundada que levou o grupo a decidir-se pela “aventura” de criar o guia, fazendo uso do seu conhecimento no terreno, até porque vêm de outras áreas que não a turística: a sociologia, no caso de Renata, a história no caso de Sara Marques Pereira e António Ferreira de Sousa, a veterinária no caso de Ana Maria Machado. Em conjunto, assinam todos os textos e fotos (à excepção de alguns conteúdos, “gentilmente cedidos”).

Da ideia à obra foi uma outra longa viagem. Tentaram encontrar uma editora para a publicação mas “nenhuma estava especialmente interessada no destino”, resume Renata. Mãos à obra: “Decidimos criar uma editora”. Assim nasceu a Pocket Tropics

“Partimos do zero, nós próprios não fomos pagos, fizemos pelo gozo”, sublinha. Mas editar custa dinheiro. Apesar de alguns contactos, acabaram por não ter o apoio do Turismo oficial do país – que estava entretanto a desenvolver projectos próprios. Porém, tiveram mais sorte quando foram bater a outras portas, casos de investidores turísticos, como os grupos Pestana ou HBD, o operador Solférias, o Banco Internacional de S. Tomé e Príncipe ou a Santa Casa da Misericórdia, além da empresa portuguesa de construção civil e obras públicas Monte Adriano. Para finalizar o projecto, adianta Renata, contaram ainda com um “quinto autor”, a Milideias, que assina o grafismo. Assim, por fim, conseguiram realizar o sonho de guiar viajantes pelo arquipélago.

E, para muitos são-tomenses, o livro é também um motivo de orgulho. “Lançámos o guia na feira do livro local e foram supercarinhosos”, recorda Renata. “As pessoas de lá ficam a olhar, com vontade de também terem um, todos muito ciosos das suas coisas”. Até porque, para além do estático papel, há toda uma relação contínua estabelecida através de um site e Facebook recheados de dicas e fotos.

A “boa recepção” do guia já deu mais frutos: está prestes a sair um mapa turístico do país - patrocinado por uma agência de viagens local, a Navetur -, que tanto complementa como funciona independente do livro. E, enquanto planeiam uma actualização à obra, que poderá sair nos finais de 2014, já têm outro país debaixo de olho sob o signo dos “trópicos de bolso”: Moçambique.

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São Tomé: Guia Turístico
Edição: Pocket Tropics
Formato 16,5x11cm, 288pp, 800 fotos
Preço de capa: 17€

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