Fugas - Viagens

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Moçambique: A sul, tudo de novo


Safari ecológico

Em 1932, quando os elefantes por aqui andavam em grande número, surgiu a primeira tentativa de criação da Reserva Especial de Maputo. As fronteiras actuais ficaram definidas apenas em 1960, delimitadas pela baía de Maputo a Norte, o oceano Índico a Este, o rio Maputo e a estrada a Oeste e os lagos Xingute e Piti a Sul. São mais de 750 km2 de superfície onde, além dos paquidermes, já abundaram antílopes e o rinoceronte branco. Se os anos de Guerra da Independência (de 1964 a 1975) e de Guerra Civil (de 1977 a 1992) foram arrasadores para a população humana, o mesmo ocorreu com as restantes espécies animais. Durante esses períodos de conflito a fauna foi caçada e apanhada no meio dos combates, o que originou a sua quase total extinção. Desde a década de 1990 essa tendência inverteu-se e hoje há cerca de meio milhar de elefantes na área protegida. Hipopótamos, crocodilos, antílopes, macacos, cobras, cabritos e uma grande variedade de aves – paraíso para os ornitólogos - compõem a lista de espécies que podem ser avistadas neste diversificado ecossistema que inclui florestas de solo arenoso e de terras húmidas, mangais ou dunas. A componente paisagística é impressionante pela sua variedade. Tão depressa se está numa praia do Índico a mergulhar num recife de coral como se caminha pela savana rasteira ali bem perto.

Pesca e canoagem são actividades permitidas e eleitas pelos muitos visitantes moçambicanos, mas também pelos oriundos das vizinhas Suazilândia e África do Sul. A Reserva Especial de Maputo pode ser visitada todos os dias do ano entre as 7h30 e as 16h30 (bilhetes a partir de 50 meticais, para jovens entre os 13 e os 20 anos, e 200 meticais para adultos - 1,20 e 4,80 euros respectivamente). No seu interior as estradas são de areia solta, o que implica alguma perícia na condução em 4x4. A vegetação densa esconde recantos selvagens e é comum avistar guardas em alguns dos locais mais inóspitos. Garantem a segurança de quem passeia pelo território, mas também trabalham para localizar e capturar caçadores furtivos que conhecem a região como ninguém. Ao longo da costa, praias como Chemucane, Benbene ou Milinbagala surpreendem por serem zonas de nidificação de tartarugas marinhas. E no mar é comum avistar baleias e golfinhos.

Pernoitar na Reserva é uma hipótese a considerar. Há empresas vocacionadas para este tipo de turismo, como a Bushfind (www.bushfind.com), de empresários portugueses. Um dos seus programas inclui saída de Maputo em viatura todo-o-terreno, guia especializado, alojamento de duas noites em tendas, alimentação e roteiro pela Reserva. A experiência é única, mas o objectivo agora é outro – chegar ao destino final antes do anoitecer.

Quatro horas são suficientes para percorrer os 115 quilómetros entre Catembe e a Ponta do Ouro. Desde que não haja furos, avarias ou rodas atascadas. E é logo a seguir à Reserva dos Elefantes que a animação aumenta de intensidade. A terra batida dá lugar a areia solta e a picada transforma-se numa faixa com dois sentidos. A solução é ir ao mato sempre que duas viaturas se cruzam. Por esta altura já há tanto pó dentro como fora do jipe. As bifurcações sucedem-se e há cada vez menos gente a quem se possa perguntar a direcção certa. Andar perdido faz parte da experiência. A solução passa por tentar seguir vestígios de civilização, como postes de electricidade, trilhos de pneus e vislumbre de casas ou cabanas. O segundo garrafão de água está quase vazio e o fumo que sai do capot não é um sinal tranquilizador.

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