Almofadas de alfazema
“A comunidade portuguesa é muito grande no Brasil. Campinas, São Paulo, Santos são comunidades enormes. Tem gente que já veio aqui com a camisa de Portugal só para dar uma volta no hotel. O futebol tem esta coisa de paixão”, conta o responsável pelo resort, para quem é inegável a figura que vai atrair todas as atenções. “Tem o fenómeno louco que se chama Cristiano Ronaldo. Ele já estava com tudo e ainda ganhou a Bola de Ouro. Já vieram aqui equipas de televisão do Peru, da Colômbia, de todo o mundo por causa dele.”
O difícil será as pessoas conterem-se para não pedir um autógrafo. “Tenho que dar o exemplo”, ri-se António — e explica que já começaram a sensibilizar os funcionários de que a missão de um hotel é a discrição. “Eles não vão poder pedir autógrafos nem fotos. As pessoas podem até fazer por inocência mas depois que você põe na Internet não é mais seu. A equipa que trabalhar no The Palms assinará um contrato e terá que deixar os dispositivos electrónicos do lado de fora para garantir a privacidade dos jogadores.” António Dias é o primeiro a dizer que tudo o que está a contar é público, permitido pela FIFA; qualquer requisito especial por parte da Federação ou da FIFA está envolto em sigilo absoluto.
Quanto mais perto do Mundial estivermos, mais notícias aparecem em torno destes requisitos. Há algumas semanas foi divulgado que a federação teria pedido videojogos nos quartos. Ninguém confirma mas os quartos serão equipados com videojogos, além dos canais de TV. Todos têm uma cama grande e confortável e um menu com nove tipos diferentes de almofadas, desde uma com camomila, erva-doce ou alfazema até uma magnética cervical para aliviar a musculatura dos ombros, da região cervical e da cabeça. Os produtos de banho são todos da marca francesa Occitane. E intuímos que a discrição estará mesmo garantida. Durante a nossa permanência no resort, com todos os 500 quartos ocupados, raramente víamos outros hóspedes nos corredores do hotel boutique. Quanto à comida, a federação traz o seu próprio chef, que supervisionará a execução do menu por funcionários do hotel. Se Cristiano Ronaldo e demais jogadores provarão o couscous, a feijoada à brasileira, nos almoços de quarta-feira, ou sobremesas como o pudim ou o quindim — algumas das especialidades do Vila Real, o principal restaurante do Royal Palm —, ainda é uma incógnita. E, cá entre nós, uma pena se não provarem.
Mas aqui o que importa é o fácil acesso aos treinos e as deslocações para os jogos. Para António Dias, a discrição e a qualidade do hotel, aliadas ao facto de o The Palms ficar a apenas quatro quilómetros do Centro de Treino da Ponte Preta, onde a selecção se vai treinar, e a 15 minutos do aeroporto, explicam a escolha da Federação Portuguesa de Futebol. “Eles chegaram a comparar com um hotel no nordeste, mas no dia-a-dia, e para viajar para as cidades-sede dos jogos, eles gastariam mais tempo do que se ficassem aqui”, sublinha. Para este filho de portugueses, não há vantagem financeira para o hotel, já que a FIFA só paga os quartos que usa e durante o período do Mundial não haverá eventos nem convenções de empresas que movimentam o Royal Palm durante todo o ano. “Dois terços do turismo no Brasil são de turismo de negócios e este vai diminuir durante a Copa. Mas não importa. Estamos muito felizes em ter Portugal aqui. É bom para Campinas, é bom para nós, que temos origens portuguesas, e para o hotel que ficará conhecido em todo o mundo por causa da selecção e do Cristiano Ronaldo.”