O que é que Campinas tem
Sete selecções escolheram Campinas ou as cidades próximas no interior de São Paulo como sede durante o Mundial. Portugal divide Campinas com a Nigéria. Nos arredores, Rússia, Japão, Honduras, Costa do Marfim e Argélia. Campinas também é a oitava cidade que mais reservou bilhetes para os jogos e a única que não é sede de jogos e que terá um posto de troca de ingressos. A direcção de turismo fez um acordo com os hotéis que vão manter as taxas promocionais que oferecem durante todo o ano para eventos e empresas para o turista que vai ao Mundial. No último ano, o aeroporto de Viracopos passou de décimo para primeiro lugar na preferência dos passageiros brasileiros como o melhor do país. E tem voos directos para todas as cidades-sede dos jogos.
“Se um torcedor se hospedar em Campinas vai pagar menos pelo hotel e pela passagem aérea para as cidades-sede nos dias de jogo do que se ficar no Rio ou em Brasília”, garante a directora de turismo de Campinas, Alexandra Caprioli. “Quanto a Belo Horizonte, ficamos empatados, em Salvador depende do hotel mas em geral os nossos têm uma qualidade superior.”
A cidade já está acostumada ao turismo de negócios, abriga 50 filiais das 500 maiores empresas do mundo e é a nona cidade que mais sedia eventos internacionais no Brasil. “Eu sou conservadora. Em média, os hotéis recebem 25 mil hóspedes por mês em torno do turismo de negócios, que vai cair durante a Copa. Calculo que vamos ter uma média, por semana, de 10 mil turistas que vêm por causa das selecções. E nós vamos estar preparados. Já temos procura de hotéis por grupos de Honduras e Rússia, por exemplo.”
Para comemorar a escolha de Campinas como sede da selecção portuguesa durante o Mundial, a Secretaria de Desenvolvimento Económico, Social e Turismo resolveu criar a calçada da fama do futebol. A ideia é trazer uma estátua de Eusébio que está no Estádio da Luz, em Lisboa, para Campinas. Se não for possível (já estão em contacto com o clube e com o artista norte-americano que a fez), a cidade vai encomendar uma estátua do ex-jogador do Benfica e ídolo português. A cidade tem dois grandes equipas — Ponte Preta e Guarani — e vários jogadores que foram para o estrangeiro. O projecto conta com o financiamento de empresários de origem portuguesa que vivem na região. Um dos espaços a ser estudado para abrigar a estátua e o futuro hall da fama do futebol é o Parque Portugal (mais conhecido como Lagoa do Taquaral), a principal área verde do centro da cidade. “Campinas se imbuíu do espírito da Copa e não partilhamos em nada o cepticismo que se abateu em outras partes do país”, conclui Alexandra Caprioli.
GUIA
A não perder em Campinas
Fazenda Tozan
A viagem por Campinas é também uma viagem ao reino dos Barões do Café. Entre 1875 e 1910, a região era uma das mais ricas do mundo. A Fazenda Tozan é paragem obrigatória para o turista que quer ter uma aula sobre a cultura cafeeira e a história que vai desde as lendas do café com a colonização portuguesa aos imigrantes japoneses quando a fazenda é comprada pela família Iwasaki, fundadora da Mitsubishi, pouco antes da crise de 1929. O passeio de duas horas leva o visitante a “viajar” à época da escravatura (com a casa grande e senzala), dos colonos italianos, da perseguição aos japoneses durante a Segunda Guerra Mundial. Do Museu do Café, a guia Vera Pospisilova Valente mostra todas as etapas do plantio: o terreiro do café, a torrefacção, o cafezal, o despolpador até ao mirante com vista para toda a plantação.