“Sirvo a mesma comida que faço em casa”, afirma David, um pescador profissional, mestre de bateria em escola de samba e agora dono de um dos botecos mais na moda do Rio, premiado em vários concursos. Provamos linguiças panadas, umas interessantes batatas fritas de mandioca e um delicioso feijão tropeiro.
David sente que as pessoas estão com mais curiosidade em saber como é a vida na favela. Já deu entrevistas para o New York Times, Le Figaro, BBC e Al Jazeera. “É um bom momento para montar empreendimento”, diz o dono do boteco, embora realce que houve “especulação imobiliária” e “a vida na favela ficou mais cara”.
O Mundial 2014 e os Jogos Olímpicos 2016 ajudam, mas ninguém quer criar ilusões. “Não falo em Copa, nem Rock In Rio, nem Olimpíadas. É um momento bom, mas é um dinheiro momentâneo”, diz Cristiane. “Os meus filhos comem todos os dias”, acrescenta a dona do hostel, que acima de tudo espera que esses eventos e a pacificação ajudem a acabar com o medo e o preconceito em relação às favelas, que para esta brasileira nunca foram o que por aí se diz: “Isto não era bang bang todo o dia. Não era uma faixa de Gaza. Se fosse, nenhum ser humano moraria aqui, ou fazia família aqui. E tem gente morando cá há 70 anos.”