Fugas - Viagens

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Pontevedra é muito mais do que um caminho

É também aqui que se situa um dos seis pólos do Museu de Pontevedra, que reúne cerca de 16 mil peças que narram a história da Galiza ao longo dos séculos, por entre pinturas, esculturas, moedas, instrumentos musicais ou  objectos arqueológicos. Entre eles uma pequena réplica do Santa Maria, embarcação que levaria Cristóvão Colombo a descobrir a América e que, segundo alguns historiadores, terá sido construído nos estaleiros da cidade.

Deveria ter começado a vender Pontevedra por aqui. Pelas praças. Ao contrário de outras cidades espanholas, aqui não há uma grande praça para onde todas as artérias parecem confluir, mas sim várias praças, pequenas praças, um sem-número de praças como que convidando cada pessoa ou grupo de amigos a adoptar a sua.

“Não há habitante que não tenha a sua praça favorita.”

Plaza da Ferrería, Plaza da Verdura, Plaza de Méndez Núñez, Plaza de Curros Enríquez,  Plaza Alonso de Fonseca, Plaza de España, Plaza de San José, Plaza de la Peregrina ou Plaza del Teucro, uma das mais charmosas e referenciadas, não só pela sua dezena  de laranjeiras mas também pela lenda que lhe está a associada. Reza então a quase sempre mui sensata mitologia que Pontevedra foi fundada por Teucro, guerreiro grego que depois da Guerra de Tróia viajou para Ocidente e terá fundado a cidade.

São também estas praças que se enchem de gente nas inúmeras festas e festivais organizadas ao longo de todo o ano, com a incontornável Festa da Peregrina, (padroeira da província) a reclamar para si o estatuto de festa maior. Uma celebração que começa no segundo domingo de Agosto e que durante uma semana transforma esta pequena cidade num gigante parque de tradições, com concertos de música popular, touradas ou desfiles de carros alegóricos. A Festa dos Maios, que decorre na Praça da Ferrería, ou a Feira Franca, uma grande feira medieval que tem lugar na primeira semana de Setembro, são outros dos momentos emblemáticos, mas é o Festival de Jazz e Blues que tem colocado Pontevedra na rota dos festivais de música a nível internacional. Um festival que tem lugar em pleno Verão, durante o mês de Julho, e que é um verdadeiro bálsamo na sua vida cultural, emprestando-lhe também um toque mais contemporâneo e cosmopolita. Até porque todos os concertos são ao ar livre e gratuitos. Este ano comemorará a sua 22.ª edição e, como vem sendo hábito, haverá jam sessions e workshops com artistas e professores consagrados.

- Já deve haver pouca gente que não goste de jazz e blues, nesta cidade. Pelo menos uma semana por ano – confessa-me Alfonso, por entre mais uma cerveja e um pedaço de tortilha.

- Voltas cá nessa altura?

A ilha das esculturas

Apesar de não possuir uma obra icónica, também a coerência arquitectónica da cidade acaba por surpreender, com construções em pedra e um conjunto de igrejas em excelente estado de conservação. A Igreja de São Francisco, de estilo gótico, construída nos séculos XIV e XV, a Basílica de Santa María la Mayor, uma das jóias mais valiosas da arquitectura gótica galega, datada do século XVI, a Igreja da Peregrina, capela do século XVIII, ou ainda as Ruínas de Santo Domingo, convento fundado em 1281 onde actualmente funciona mais um dos pólos do Museu de Pontevedra, são algumas das que mais se destacam. Mas o que mais surpreende, por mais vezes que se visite a cidade, são as suas inúmeras esculturas.

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