Fugas - Viagens

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Pontevedra é muito mais do que um caminho

Tal como as praças, tal como as suas ruas ou obras arquitectónicas, não parece haver nenhuma que se sobreponha , mas há em quantidade e diversidade suficiente para que, também neste campo, habitantes e visitantes possam escolher a sua. Esculturas quase sempre em pedra, de dimensões relativamente reduzidas e espalhadas por todos os cantos, do mais óbvio ao mais improvável. A estátua de Valle Inclán (praça Méndez Núñez), dramaturgo, romancista e poeta galego que marcou a literatura espanhola nos finais do século XIX e inícios do século XX, ou a escultura "La Tertulia" (praça de San José), representativa da tal forma de estar e viver espanhola, são apenas dois dos bons exemplos. Mesmo que, aqui e ali, algumas delas sejam vandalizadas, o governo local parece não desistir deste cartão de visita.

Levam a “obsessão” tão a sério que, em 1999, decidiram mesmo construir uma “Ilha das Esculturas”. Um espaço de 70 mil m2, nas margens do rio Lérez, numa área declarada como lugar de importância comunitária e incluída na Rede Natura 2000, onde os patos, os cisnes e as garças dividem as atenções com doze esculturas em granito. O primeiro projecto no país de transformação da paisagem através da arte, garantem os responsáveis. Entre as várias obras destaca-se a do português José Pedro Croft. É dele uma pequena casa em granito sem portas nem janelas que parece nascer da terra, no meio das árvores, como uma árvore, como se também ela fizesse parte da natureza e não apenas da paisagem.

É para aqui que os habitantes vêm praticar desporto, mergulhar, fazer piqueniques, assim que o nem sempre bem-disposto tempo galego o permita. É também aqui que sempre me despeço da cidade. Um destino que, terminado o texto, concluo pela enésima vez não ser o mais fácil de vender (as Ilhas Cíes, ali tão perto, pequeno arquipélago que, em tempos, viu o jornal britânico The Guardian classificar uma das suas praias como a mais bonita do mundo seria, certamente, um destino bem mais fácil de adoptar e divulgar), mas, é sabido, há locais que não nos cabe a nós escolher. São eles que nos escolhem a nós.

Voltarei no Verão, sim. Quem sabe não encontrarei mais alguns portugueses?


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Guia prático

Quando ir
Pontevedra rima com Primavera e Verão. Não só porque as temperaturas estarão bem mais convidativas (este ano foi um dos mais chuvosos das últimas duas décadas), mas porque durante estas estações haverá eventos um pouco por toda a cidade. A Festa dos Maios, que terá lugar no dia 1 de Maio, o Festival Internacional de Jazz e Blues, que no mês de Julho cumprirá a sua 22.ª edição, e as Festas da Peregrina, a decorrer na segunda semana de Agosto, são apenas três das opções.

Como ir
Situada a 84km de Caminha, 170 m do Porto ou a 473km de Lisboa, Pontevedra é uma cidade a que, por norma, se chega de carro. Saindo da cidade Invicta basta seguir pela A3 em direcção a Valença, continuar para Vigo sem sair da auto-estrada e depois seguir as indicações para Pontevedra. Chegar a Vigo de comboio (cidade situada a cerca de 30km de distância) é também uma boa opção. Há ligações diárias a partir do Porto. Santiago de Compostela fica a 61km e Madrid a 615km.

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