Fugas - Viagens

  • ISHARA S.KODIKARA/AFP
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  • Ricardo Santos
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Sri Lanka, danças com elefantes

O programa inclui refeições, dormidas e duas sessões de trabalho diárias (das 8h30 às 11h e das 16h às 18h). Entre elas há a possibilidade de visitar o orfanato de elefantes, descobrir os pontos de interesse da região ao redor de Pinnawala, ensinar inglês a crianças desfavorecidas e mergulhar de cabeça na cultura e religião locais. É precisamente isto que Chari se prepara para mostrar.

Depois de uma passagem pelo campo de críquete — desporto nacional — este pai de dois filhos, 34 anos, pára o tuk tuk à porta de uma loja e compra um quilo de bananas, meio ananás, um coco, um quarto de melancia e algumas mangas. Dirige-se depois a um templo budista, lava a fruta, corta-lhe as pontas e coloca-a virada para cima num prato de plástico. "É uma oferta, um agradecimento pela vossa vinda e um desejo de sucesso e sorte para vocês e para a minha família".

Descalça-se, sobe os degraus do templo, aguarda a sua vez para ser recebido por um dos monges e entra numa sala onde não faltam símbolos budistas, incenso, estátuas e néons coloridos. Ajoelha-se, escuta atentamente o mantra e, à saída, cumpre o ritual de oferecer uma peça de fruta à primeira pessoa com quem se cruza. A restante é oferecida ao templo. O monge mais influente faz questão de agradecer a oferenda e coloca-lhe uma pulseira de linho no pulso direito. Dá-lhe sete voltas, recita frases indecifráveis para quem não conhece o idioma, faz um pequeno nó e sorri. É um sorriso que faz valer a pena a experiência — sincero, aberto, gentil, respeitador.

Chari parece um homem feliz ao fim de cada dia. Os seus convidados também. E mais ficam quando chega a hora das refeições, preparadas com gosto pela sua mulher. Arroz e caril estão sempre presentes, variando apenas a proteína animal: frango, peixe, borrego ou camarões. Água, refrigerantes ou chá são as opções de bebida. E até se pode ter acesso a uma cerveja local, a Lion, sucesso de vendas entre locais e estrangeiros quando o calor aperta. Ou seja, quase todos os dias.

O tuk tuk continua a acelerar por Pinnawala. Só se imobiliza quando um casal de vendedores à beira da estrada chama à atenção. Pendurados em estruturas metálicas têm sacos de plástico com água. No interior destes, peixes de aquário das mais variadas cores. "Podem tirar fotografias, se quiserem", diz o homem do casal com uma boa disposição contagiante. A mulher acompanha-o na simpatia e faz questão de mostrar o conteúdo das caixas de plástico que têm na banca: peixe e camarões secos entre cinquenta cêntimos e euro e meio a dose. É tempo de voltar à base para um período de descanso antes do jantar.

Visita ao orfanato

No outro lado da estrada, em frente à casa que serve de albergue, está o Orfanato de Elefantes de Pinnawala, um santuário para este tipo de animais alvos de abusos, doenças e abandono. O projecto surgiu em 1975, inserido numa propriedade de dez hectares então gerida pelo Departamento de Conservação da Vida Selvagem, organismo de capitais estatais. Sete anos depois iniciou-se um projecto de criação de elefantes e, actualmente, o seu número aproxima-se dos oitenta indivíduos, crias e adultos. Todos os dias, dezenas de visitantes rumam ao orfanato para ver de parte estes imponentes animais. Não se trata de um zoo, mas ninguém escapa a ver algum dos animais acorrentados, com toda a repulsa que isso poderá causar.

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