Saint-Paul de Vence, o labirinto das artes
Marc Chagall viveu até aos 97 anos. Morreu em Saint-Paul de Vence, uma das mais antigas cidades medievais da riviera francesa. Enfeitada com seixos e moedas, a campa do pintor judeu está num pequeno cemitério com vista privilegiada sobre o vale — e alguns hectares de vinha — que inspirou o próprio Chagall, que aqui viveu 19 anos. Foi na década de 20 que Saint-Paul de Vence foi descoberta pelos artistas, no topo de uma colina. E a sua fase dourada aconteceu entre os anos 50 e 60, altura em que actores, realizadores e outras vedetas descobriram as suas encostas graciosas, os seus refúgios e os curtos caminhos para o mar azul.
Saint-Paul de Vence é pequena como um dedal. Percorremos as suas ruas num par de horas ou respiramo-las num par de dias. Apreciamos o estilo dos mestres da petanca (podemos ter aulas deste elegante jogo ou alugar um conjunto por dois euros/pessoa), perdemo-nos no número de ferraduras do cavalo Lucky (obra de Rémi Pesce), no número de estátuas e esculturas que nos acompanham e também no número de galerias (última contagem: 50) e de ateliers (mais de 30) que se acotovelam dentro da muralha de uma cidade com cerca de três mil habitantes e um raio de um quilómetro. Pausa (por gula, confessamos). Descemos ao espaço La Petite Cave, provamos um bom vinho (Bandol Rosé) e outras delícias de tomate seco, azeitona e sumo de limão antes de retomarmos as estreitas vielas medievais (nova pausa na capela decorada por Jean-Michel Folon) cheias de recantos, turistas e experiências artísticas. Saint-Paul de Vence merece ser visitada pelos encantos de uma castiça localidade da Provença. Mas também por ser uma lenda.
Se nos afastarmos um pouco, facilmente encontraremos a Fundação Maeght, um exemplo único de uma fundação privada na Europa e de um museu que se deixou envolver pela natureza. Inaugurado em 1964, este conjunto arquitectónico (até ao dia 9 de Junho é possível ver a exposição “A arte e a Arquitectura de Josep Lluís Sert”, que assina o edifício e a envolvente) foi pensado e financiado por Marguerite e Aimé Maeght para apresentar a arte moderna e contemporânea em todas as suas formas. Aqui, somos recebidos por uma colecção de artistas que colaboraram de perto com o arquitecto espanhol na concepção deste espaço de espaços. Pela capela com vitrais de Georges Braque, pelo interminável mural de Tal-Coat, pelo som do lago de Bury e pelo impressionante mural de mosaico de Chagall. A Fundação, a comemorar o 50.º aniversário, exibe ainda o pátio Giacometti, mesmo ao lado do labirinto de Joan Miró, povoado por esculturas e pelo humor do artista de Barcelona.
GUIA PRÁTICO
Como ir
A Fugas viajou no dia de lançamento do voo Lisboa-Nice da easyJet (duração de 2h10).
Onde dormir
Hôtel Novotel Cannes Montfleury
25 avenue Beauséjour, Cannes
www.novotel.com
3.14
5, Rue François Einesy, Cannes
www.314cannes.com
Hôtel Juana
La Pinède - 19 av. Georges Gallice, Juan-les-Pins
www.hotel-juana.com
Hôtel La Vague de Saint Paul
Chemin des Salettes, St Paul de Vence
www.vaguesaintpaul.com