Fugas - Viagens

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Saia de casa e leve os miúdos

Maria Dias explica a escolha deste cenário para a apresentação do livro: “É um sítio natural muito bonito, é de acesso fácil, está relativamente perto de Lisboa e de outras cidades, e também em termos de percurso é muito acessível porque é uma zona sempre a direito, e tem infra-estruturas que apoiam o passeio que achamos interessantes. É fácil de visitar com crianças ou com pessoas com fraca mobilidade.”

Seguir pistas

Como “atracções” naturais, a bióloga descreve: “É uma zona que está incluída no espaço húmido da Lagoa de Albufeira, que é constituído pela Lagoa Grande, Lagoa Pequena e a zona da Lagoa da Estacada. É muito importante para aves migradoras, aves invernantes que vêm aqui porque têm abrigo e alimento.”

Sendo as aves um grupo conspícuo, são fáceis de ver e, “de uma maneira geral, as pessoas acham-nas bonitas”. Por isso mesmo, havia fila para trepar ao sítio mais alto do observatório das garças, um dos pontos do percurso. O mesmo no observatório do caimão, outra paragem obrigatória.

“Uma raposa, um lobo, são difíceis de ver. Nós sabemos que eles existem, deixam pistas. Isso é uma coisa que nós salientamos no livro. Às vezes, não conseguimos ver os animais e temos de ir à procura das pistas que eles deixam, para saber que eles estão lá. Isso também pode ser uma maneira engraçada de os miúdos perceberem a natureza.”

O capítulo Segue Esta Pista! – Os Vestígios Deixados pelos Animais ajuda nessa pesquisa. E, no mapa de observação que vamos seguindo na Lagoa Pequena, a dada altura pode ler-se a pergunta, que muito divertiu todas as crianças: “Há cocós no chão?” Seguem-se outras questões, relacionadas: “De que animal serão?”, “e o que terá ele comido?”.

Desafiar os miúdos

“Não é como no Jardim Zoológico, que têm os animais em exposição. Aqui, na natureza, temos de nos esforçar um bocadinho mais para os ver”, diz Maria Dias. Mesmo em relação às aves nem sempre é fácil. “De início, as pessoas não conseguem reconhecer as espécies. Reconhecem uma gaivota, um pombo, um pardal, mas quando começam a esforçar-se, a olhar para um guia, a prestar mais atenção, vão ver que existem centenas de espécies e isso pode ser muito estimulante. É um desafio. É isso que se pretende, desafiar.”

E o percurso continha vários desafios: “Encontra a cavalinha escondida na sombra. Fica a saber que esta planta é boa para cicatrizar feridas (mas não a apanhes, pois estamos numa zona protegida). Pista: a cavalinha parece um ramo de pinheiro” ou “usa o teu nariz e descobre a hortelã”. E lá vão os miúdos de nariz empinado em direcção às plantas.

Mas o desafio maior parecia mesmo ser o de conseguir manter as crianças em silêncio, tal a excitação feliz com as descobertas e com a companhia dos amigos. A animação levou uma menina a pôr um pé em falso, cair na água e, valente, levantar-se logo a seguir. Não se magoou nem se mostrou perturbada. Não fossem os calções brancos se terem tornado castanhos e quase ninguém saberia que houvera um mergulho...

Desenhar a paisagem

A única desilusão da tarde foi mesmo a de a lontra não se deixar ver, mas a “tristeza” durou pouco. Adiante, que ainda há muito para ver e desfrutar antes de se regressar a casa.

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