Fugas - Viagens

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Saia de casa e leve os miúdos

Pelo caminho, os visitantes encontraram Bernardo Carvalho, o ilustrador de Lá Fora, a desenhar no meio da paisagem. “Aprendi imenso, estou superbatido em montes de assuntos novos. Adorei fazer o capítulo das nuvens. Acho que foi o de que gostei mais. Também gostei do do mar, talvez por conhecer um bocadinho melhor e estar mais entrosado com as coisas de que se falam”, tinha dito à Fugas imediatamente antes do passeio.

Também explicou a escolha dos dois registos do livro, o científico e o contemplativo: “O registo mais científico teve de ser feito a partir de imagens e eu queria que as coisas ficassem realmente com uma boa leitura. Fiz tudo com uma caneta muito simples e depois pintei essas imagens no computador.”

Mas toda a equipa sentiu que era preciso acrescentar um outro registo: “Achávamos importante que houvesse um estilo mais contemplativo. Apesar de ser escrito e contado de uma maneira engraçada, não deixa de ser um livro bastante científico. Era importante que houvesse a noção de que também se pode estar cá fora sem estar a ver quantas patas é que tem a centopeia, basta olhar para a centopeia para ver se é gira ou feia”, conclui, divertido.

Também recordou o processo de escolher a capa do livro. Não foi à primeira? “Não. Nem pensar. Houve três ou quatro capas antes desta. Bastante mais confusas. Acabámos por escolher a mais clean de todas, a mais limpinha. Foi um bocado difícil. Como o livro lá dentro era cor de laranja e azul, pensámos: ‘Estamos a dar alta importância ao cor de laranja sempre.’ Mas acabou por ficar porque gostámos desta. Vamos a votos no Planeta [Tangerina].”

Livro sem idade

Para uma editora habituada a fazer livros ilustrados com poucas páginas, esta “foi uma experiência completamente nova”, diz Isabel Minhós Martins. “Era importante definir se queríamos ter um livro muito exaustivo, pondo alguns temas de parte, ou se mais completo e abrangente e menos aprofundado e menos técnico. E foi essa a opção. Que abrangesse tudo ou quase tudo”, explica a editora do Planeta Tangerina.

Depois de definida a estrutura, havia que pensar a abordagem que fizesse mais sentido: “A nossa ideia foi partir de quais as perguntas que as crianças fariam muito espontaneamente acerca das árvores, das flores ou das aves. Qual é a ave que voa mais alto?, porque é que o céu é azul ou porque é que as nuvens não caem? Ou como é que as rochas se formaram?”

Outra preocupação: “Que o livro partisse daquela natureza mais próxima. Não só da que encontramos nos parques naturais ou nas zonas onde a natureza ainda está selvagem, mas também da que se encontra nas cidades. Até entre as pedras da calçada nascem ervas. Falar disso. Ou da natureza que existe nos quintais ou nos jardins.”

Também não queriam fazer um livro muito infantil: “É um bocadinho um livro sem idade. Se calhar os miúdos a partir dos sete/oito anos já o conseguem ler de forma autónoma, mas também é um livro para os pais. É essa a nossa postura, tentamos fazer livros para toda a família. Os pais podem ler umas partes, os filhos, outras.”

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