Para a bióloga Maria Dias, um dos objectivos deste guia é “mostrar que o mundo é bonito e que pode dar muito prazer estar mais em comunhão com o mundo e com a natureza”. A conversa é interrompida por Gabriel, de três anos: “Mãe, olha aqui uma cereja grande.” Não era uma espécie da lagoa, mas parecia saborosa.
O sol já desceu e os visitantes vão regressando à casa de partida. Voltam a distribuir-se pelo chão, coberto agora com uma sombra maior. Falam do que viram, reconfortam-se com o lanche que os esperava, pedem autógrafos às autoras e ao ilustrador. E por bastante tempo ainda se deixam ficar. Lá fora.
O que Lá Fora tem dentro
É importante saber isto
Logo nas primeiras páginas, o pequeno leitor recebe alguns conselhos, que aqui resumimos. O primeiro: “Nas saídas de campo, deves sempre ir acompanhado por um adulto. Nunca saias sozinho. Para além de ser mais seguro, se tiveres companhia podes sempre tirar dúvidas (ou ensinar o que já sabes).”
Outras indicações: aproveitar os dias de bom tempo, apesar de ser “bom andar à chuva ou sentir o vento”; levar um agasalho e uma lanterna, se o passeio for nocturno, “para ver estrelas ou anfíbios ou para ouvir as corujas a cantar”; tomar atenção aos caminhos, “é muito fácil perderes-te porque não tens pontos de referência à tua volta”; não se aventurar demasiado perto da água, “se fores descobrir o que há perto do mar, de um lago ou de um rio”.
E ainda: não mexer em ninhos ou tocas; não deixar lixo no chão nem nas ribeiras ou nos rios; não arrancar plantas (“só por arrancar…”); evitar levantar pedras, “pode haver animais que as usem como esconderijo” e tentar ser silencioso, para poder observar os animais sem os assustar.
O que se deve levar
Para que o passeio corra bem e todos se sintam confortáveis, sem frio, calor ou fome, há uma lista básica de material: chapéu e protector solar; galochas ou sapatos de sola de borracha, “se fores para zonas com água (como as poças de maré)”; binóculos, “para veres aves e outros animais”; uma bússola ou um GPS; farnel e um cantil ou garrafa de água; um agasalho, “mesmo quando parece suave, um vento de fim da tarde pode tornar-se desagradável”; um caderno e um lápis, para anotar as descobertas, e um guia com informações que possam ajudar a reconhecer as espécies do local, as constelações, os tipos de rocha e tudo o mais que a natureza tem para nos mostrar.
Advertências feitas e mochila arrumada, podemos partir.
Se a família resolver sair dos espaços urbanos, pode procurar em Lá Fora vários tipos de paisagem a explorar.
Vamos ao campo
Florestas: “As mais comuns são os pinhais, mas existem também muitos eucaliptais e montados (florestas de sobreiros ou azinheiras).” Estes são os de maior biodiversidade e podem encontrar-se sobretudo no Sul do país e no interior norte. Nos arquipélagos da Madeira e dos Açores, temos “uma floresta única que alberga algumas espécies que não existem em nenhum outro lado do mundo”, a Floresta Laurissilva.
Bosques: “Os mais famosos são os bosques mediterrânicos, que podes encontrar, por exemplo, na serra da Arrábida, com os seus carvalhos, carrascos, zambujeiros e pinheiros-mansos.” Na serra do Gerês, há bosques muito bem preservados de bétulas e vidoeiros.