- Roger!
Ele apresenta-se mas acrescenta em tom de brincadeira:
- Moore! Roger Moore!
Nem ele nem Irene Eliasson aguardam o momento de abertura do espaço que promove Umeå como uma das capitais europeias da cultura em 2014; tão-só esperam que o conteúdo das garrafas se esgote para irem às suas vidas. A mulher, com 72 anos, assume um tom nostálgico:
- Umeå sofreu uma profunda renovação nos últimos anos que, em grande parte, se fica a dever ao elevado número de estudantes universitários (cerca de 30 mil e mais de quatro mil funcionários) que vive na cidade. Quando eu era criança, numa época em que, como muitas das minhas amigas, usava tranças e tinha apenas um vestido, todos se conheciam. Os tempos são diferentes mas eu continuo a gostar de Umeå, da sua agitação, da sua juventude espontânea e divertida, vivendo intensamente o mais belo período das suas vidas. E este ano, mais do que nunca, sinto-me orgulhosa pelo trabalho desenvolvido, perante tantas e tão diversificadas manifestações culturais que atraem mais visitantes do que nunca.
Na cidade que é considerada a porta de entrada para a Lapónia sueca, uma outra porta se abre, a do posto do turismo, e eu não tardo a cruzar o meu olhar com o de Erja Back, as rugas marcando-lhe um rosto emoldurado por uma expressão dócil.
- Definitivamente! Há um considerável aumento no número de visitantes e os hotéis estão quase sempre cheios. A expectativa inicial apontava para um incremento de turistas na ordem dos 10 a 15% mas, a julgar pela tendência dos primeiros seis meses, estou convicta de que, até finais de Dezembro, essa estimativa será superada.
Erja Back, natural de Umeå, estudou e viveu sempre nestas paragens. “É uma cidade onde é muito fácil viver e, ao mesmo tempo, uma cidade que se percorre a pé sem qualquer esforço. Em Umeä não é necessário ter carro, tudo está situado a curta distância. Mesmo os espaços nos arredores, como o lago Nydala ou o rio Umeå, podem ser alcançados de bicicleta — e até o mar, a apenas 18 quilómetros de distância. Por outro lado, os índices de criminalidade estão entre os mais baixos em toda a Suécia. Umeå é cool e hip, um lugar ao qual os muitos jovens emprestam grande energia, fazendo com que as coisas aconteçam e se sucedam as actividades culturais.
A cultura em oito épocas
Inspirada no calendário sami, uma vez que Umeå faz parte do Sápmi (o território habitado por aquele povo indígena que se estende da Noruega à Rússia, passando pela Suécia e pela Finlândia), a organização dividiu os eventos em oito fases, quatro das quais já fazem parte do passado (época das preocupações, época do despertar, época do regresso e época do crescimento), contemplando um grande número de exposições, acontecimentos desportivos e festivais, entre os quais o popular House of Metal que, todos os anos, no início de Fevereiro, tem lugar na Folkets Hus, a Casa do Povo, juntando milhares de fãs do heavy-metal numa cidade onde — como em nenhuma outra, em todo o país —, se exacerba tão fortemente o culto deste estilo musical — uma das bandas suecas mais famosas, os Refused, começaram a tocar em Umeå.