Fugas - Viagens

  • Amalfi
    Amalfi Stefano Rellandini/Reuters
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  • Limão de Sorrento na horta do Don Alfonso
    Limão de Sorrento na horta do Don Alfonso DR
  • O ambiente de uma das noites do Festavico
    O ambiente de uma das noites do Festavico DR
  • Tortellini de queijo pimenta, amêijoas e funcho, do restaurante Quattro Passi
    Tortellini de queijo pimenta, amêijoas e funcho, do restaurante Quattro Passi DR

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Da península de Sorrento à costa amalfitana: uma viagem gastro(e)motiva

Local de veraneio de personalidades como Wagner, Miró, Toscanini, Bernstein, entre outros, Ravello parece guardar, ainda hoje, o encanto de outros tempos, com as suas casas grandiosas, várias delas transformadas em hotéis. Um deles é o Hotel Caruso ( Piazza San Giovanni del Toro, 2, 84010 Ravello; tel.: 39 089 858801), que já foi Orient-Express e que hoje pertence à cadeia Belmond. Vale muito a pena a visita — para não dizer a dormida —, ficar na preguiça (cuidado, a piscina infinita é uma tentação) e dali percorrer a vila a pé. O restaurante do hotel não tem estrela Michelin, mas os pratos assinados por Mimmo di Raffaele, entre o clássico e o contemporâneo, figuram entre o que de melhor comemos a este nível na região. Com uma ou outra excepção — como é o caso das raspas de trufa na massa scialatielli com berbigão —, di Raffaele procura trabalhar com produtos locais. Exemplo disso é o “Verão no jardim”, com um tártaro de gambas em boa companhia vegetal, ou a “fantasia de anchovas”, em que o pequeno peixe azul, de personalidade forte, é cozinhado de diversas formas.

Se houver tempo não se deve perder a pequena loja de vinhos Wine&Drugs, junto à praça central. O nome é despropositado, mas nada ali parece muito normal. A começar pela quantidade de vinhos de topo de centenas de euros e pela possibilidade de os provar sem pagar — isto se Branko, um dos sócios, estiver para aí virado.

Pizza a metro

Se os dois restaurantes anteriores podem servir como uma boa desculpa para visitar alguns dos lugares mais emblemáticos da Costa de Amalfi e de Sorrento, há pelo menos outros três que valem a viagem por si só.

Junto à praia de Seiano, num antigo farol de vigia do século VIII, em Vico Equense, fica o Torre del Saracino (Via Torretta, 9, Località Marina d’Aequa, Vico Equense; tel.: +39 081 802 8555), um dos melhores restaurantes de Itália. Gennaro Esposito, o grande mentor da Festavico, é a alma deste espaço e um dos exemplos claros de como se pode ser criativo e inovador com as raízes assentes na tradição. Com técnicas clássicas ou modernas, a sua cozinha tem um estilo e a marca de um lugar. Em ambos os casos o foco é o mesmo: o produto da região, sabor e uma forte presença do mar. Prove-se a sopa de espargos com ostras e ouriços do mar, o salmonete com crosta de pão, molho pesto e pinhões ou a sopa de várias massas e marisco — uma lição de como um prato pobre, feito com sobras de massas, pode ganhar uma outra solenidade. Para finalizar, não há como fugir ao babá com creme inglês e frutos vermelhos.

Nerano,reúne algumas das melhores praias da costa amalfitana e, por isso, é local de paragem de muitos multimilionários que ali chegam nos seus iates. Alguns são clientes do Quattro Passi (Via A. Vespucci 13/N, Nerano; tel.: +39 081 80838 00), inclusive com direito a recorte de notícia de jornal na parede, junto da foto em que António Mellino, o chef proprietário da casa, posa ao lado de Vladimir Putin. Fait divers à parte, destaque-se a cozinha de Mellino, sobretudo pela forma notável com que trabalha alguns pratos clássicos actualizados, como a lasanha napolitana, o panzaroto (uma espécie de calzone com ricotta e mozzarella fumada), o linguine Nerano (prato tradicional da região com curgete) ou um simples prato de cicinelli — uma espécie de “jaquinzinhos” locais, alinhados com uns apontamentos de puré de limão confitado.

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