Saímos para o Largo de Soares dos Reis e Germano podia apenas apontar para o edifício ali ao lado e lembrar-nos que ali funcionou a sede da Pide. Mas, isso, não seria típico de Germano. O que ele nos conta é que havia uma jovem portuense que, determinada a casar rica, partiu para o Brasil em busca desse pretendente sonhado. Encontrou-o e regressou a Portugal, com 16 anos, casada com “um riquíssimo general” com mais de 80 anos. Instalaram-se ali, naquela casa e, após um dia mais agitado em que o velho participara num desfile ataviado com farda e condecorações, este regressou a casa, afogueado e assumindo-se cansado, sentou-se no cadeirão e morreu. “A jovem viúva não se atrapalhou e mandou chamar um pintor para que fizessem o retrato do marido, ali sentado, e diz-se que a pintura ainda demorou uns dias”, sorri.
O retrato, garante, ainda existe, noutro edifício. E, depois, Germano despede-se e vai embora. Não quer boleia. Vai a pé até ao metro e há-de continuar a pé até ao próximo destino. O Porto já não deve ter segredos para ele, mas já não pode mostrar-lhe o que ele mais gostava de ter visto — apenas porque já não existe. “A calçada de Vandoma, quando ali viviam os Távoras. Era ali que ficava o aljube eclesiástico, era a entrada principal na cidade antiga.”