Fugas - Viagens

  • Na praia das Adegas, Odeceixe, Algarve
    Na praia das Adegas, Odeceixe, Algarve Miguel Manso
  • Na Praia do Meco, em Sesimbra
    Na Praia do Meco, em Sesimbra Enric Vives-Rubio
  • Na Praia do Meco, em Sesimbra
    Na Praia do Meco, em Sesimbra Enric Vives-Rubio
  • Na Praia do Salto, em Porto Covo, Alentejo
    Na Praia do Salto, em Porto Covo, Alentejo Miguel Manso
  • Na Praia dos Alteirinhos, Zambujeira do Mar, Alentejo
    Na Praia dos Alteirinhos, Zambujeira do Mar, Alentejo Miguel Manso
  • Na Praia dos Alteirinhos, Zambujeira do Mar, Alentejo
    Na Praia dos Alteirinhos, Zambujeira do Mar, Alentejo Miguel Manso
  • Na Praia do Salto, em Porto Covo, Alentejo
    Na Praia do Salto, em Porto Covo, Alentejo Miguel Manso
  • Na Praia das Adegas, em Odeceixe, Algarve
    Na Praia das Adegas, em Odeceixe, Algarve Miguel Manso
  • Ilha da Barreta, também conhecida como a Ilha Deserta, Algarve
    Ilha da Barreta, também conhecida como a Ilha Deserta, Algarve Enric Vives-Rubio
  • Ilha da Barreta, também conhecida como a Ilha Deserta, Algarve
    Ilha da Barreta, também conhecida como a Ilha Deserta, Algarve Enric Vives-Rubio
  • Barril, Tavira, Algarve
    Barril, Tavira, Algarve Vasco Célio

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Portugal vai nu

Barril, Tavira
O Algarve vai nu
É provavelmente a areia mais sedosa que alguma vez pisámos, um lençol de farinha creme a perder de vista, de um lado o mar levemente picado, do outro pequenas dunas de cabelos ao vento. Chegar à praia do Barril, na ilha de Tavira, é relativamente fácil, o que faz dela uma das preferidas dos veraneantes que escolhem esta região algarvia. É deixar o carro junto ao aldeamento de Pedras d’El Rei, a sete quilómetros da cidade, passar a estreita ponte pedonal e seguir a pé ou num dos pequenos comboios turísticos (1,20€ cada viagem) os mil metros que serpenteiam até à praia. A primeira zona naturista autorizada no Algarve, há 18 anos, fica a cerca de 750 metros pela direita, ainda antes da praia que lhe deu “origem”, a praia do Homem Nu, localizada no extremo ocidente da ilha.

Nem dez minutos andámos pela linha de água e já avistamos dezenas de naturistas: velhos solitários a passear à beira-mar, vários casais, grupos de amigos e uma jovem família com três petizes, pais e filhos numa corrida desenfreada a jogar à apanhada. Placas é que mais uma vez nem vê-las, mas existiam, garantem-nos Alexandrina e João, que ali fazem naturismo há mais de 20 anos. “Até comentámos que este ano não as vimos, mas sabíamos que era mais ou menos aqui”, conta Alexandrina. Ainda não tinham os filhos, de 17 e 12 anos, quando ali foram pela primeira vez “experimentar”. Gostaram — “é uma quebra na rotina”, defende João — e começaram a trazê-los, porque “a praia é bastante acessível e a planície na água mais fácil para as crianças”, conta Alexandrina. “Agora é que já não fazemos tanto porque eles estão na idade da transição e não querem muito vir”, lamenta o marido.

O chapéu-de-sol e o pára-vento verde escuro do casal de Faro distam poucos passos da água, onde João tem duas canas — “não posso pescar nas áreas concessionadas mas aqui dá para conciliar”, diz, mostrando os 14 peixes-aranha e o robalo que já apanhou. No entanto, a maioria dos naturistas recolhe-se sobre as dunas ou até mesmo atrás delas, o que não nos surpreende. A linha de água mais parece uma auto-estrada de gente vestida: uns no passeio habitual de desentorpecimento, outros em trânsito para faixas de areia menos ocupadas, quase todos numa luta mais ou menos óbvia entre a curiosidade e o pudor.

Já nós começamos a lamentar não ter tido tempo para um desnude iniciático na deserta Barreta mas ao mundo viemos, a roupa solta, o corpo nem tanto. A verdade é que a afluência de vestidos e despidos na praia do Barril não será propriamente amiga de inexperientes como nós, cujo cérebro ainda se debate contra as vergonhas que nos escondem desde sempre, mas basta ir caminhando pelo extenso areal para encontrar uma porção de areia conforme o à-vontade de cada um. João confirma que pelo menos o número de naturistas tem aumentado ali nos últimos quatro anos, principalmente estrangeiros, mas não é um problema. “Há sempre espaço para todos”, remata. M.G.

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