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Lyon, rejuvenescer sem esquecer o passado

De passagens secretas a casas de seda

Descemos o Jardin du Rosaire em direcção a Vieux-Lyon, não sem antes repararmos numa inusitada réplica da Torre Eiffel, que divide atenções com a vizinha basílica de Fourvière. Construída em 1894 para albergar um restaurante panorâmico, a estrutura metálica de 80 metros é hoje preenchida por antenas parabólicas da Autoridade Francesa de Rádio e de Televisão. “Costumamos dizer que temos uma Torre Eiffel maior do que a original”, conta Nicolas, lembrando que só a colina tem quase a mesma altura do símbolo parisiense.

Vieux-Lyon, o bairro mais antigo da cidade, é também um dos maiores da Europa renascentista e está este ano em celebrações: depois de um período de decadência e ameaçado por projectos urbanísticos que previam a sua destruição parcial nos anos 1960, tornou-se há 50 anos a primeira “área protegida” de França através da “lei Malraux” (assim conhecida graças ao principal defensor, André Malraux, escritor e então ministro da Cultura).

Hoje em dia, as românticas ruas estreitas e empedradas atraem centenas de turistas, que se concentram sobretudo na via principal, palco de dezenas de restaurantes e lojas de souvenirs, que desemboca ao largo da Catedral Saint-Jean-Baptiste (metade do edifício está actualmente a ser restaurado e oculto ao público, incluindo o relógio astronómico do século XIV).

Os típicos edifícios de cores pastel, corridos a linhas de janelas simétricas, albergam alguns dos museus mais turísticos da cidade – os Museus Gadagne, o Museu de Miniaturas e do Cinema ou o Pequeno Museu Fantástico de Guignol (famosa marioneta de Lyon). No entanto, o ex-libris do bairro é também o mais escondido. Entre as lojas que ocupam cada rés-do-chão, robustas portas de madeira camuflam passagens “secretas” que atravessam os prédios, unindo as ruas dianteira e traseira.

Em toda a cidade existem centenas destas traboules (palavra lionesa proveniente do latim “trans ambulare”, que significa “passar através de”). A grande maioria, geralmente de acesso directo às habitações, encontra-se encerrada ao público, mas aquelas que podem ser visitadas (assinaladas por uma discreta placa informativa) chegam para acender levemente a chama aventureira, em busca da porta certa que nos levará a descobrir pátios interiores, corredores escuros, escadas em espiral ou varandas em ferro forjado.

Entre no número 27 da Rue du Boeuf, por exemplo, para percorrer os 130 metros que compõem a traboule mais longa de Vieux Lyon (atravessa quatro edifícios) até ao 54 da Rue Saint-Jean. Aqui procure a porta 27 e entre na passagem com ligação ao número 6 da Rue des Trois Maries para encontrar belas varandas em rosa claro e galerias do século XVI.

A origem das traboules não é totalmente conhecida, mas acredita-se terem sido construídas para facilitar o rápido acesso aos barcos no Saône. No século XIX, o modelo foi repetido na construção do bairro de Croix-Rousse para agilizar as transações no comércio da seda. O mais emblemático é Cour des Voraces e a sua escadaria de linhas paralelas (entradas pelos números 29 da Rue Imbert Colomès e 9 da Place Colbert).

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