Fugas - Viagens

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O salto quântico dos cruzeiros é um navio inteligente

Longe dos convés superiores, onde se transita entre o interior e o exterior, o navio inteligente também se exibe por detrás de um balcão. Bionic Bar é o nome do espaço em plena Royal Esplanade, o passeio público do navio que se estende em dois convés bem nas suas entranhas: aqui os cocktails são feitos por dois robôs que nesta altura ainda afinam as técnicas perante olhares curiosos. É o primeiro “bar biónico” do mundo, em mar ou terra, portanto, e a promessa é de que cada cocktail leve um minuto a ser feito. Por enquanto, os dois robôs ainda estão trapalhões (excepto quando o seu criador, durante a apresentação oficial, lhes programa uma coreografia, para que “não se pense que não são divertidos”) e longe da média prevista de mil cocktails diários.

Na verdade, durante o nosso cruzeiro praticamente só saem cocktails-teste e a explicação de como funcionará este bar onde os robôs obedecem aos caprichos dos clientes, eles sim os mixologistas de serviço através de uma aplicação nos tablets postos à disposição: tudo começa com um copo vazio, passa pela escolha dos ingredientes e das acções (agitar, mexer...), e pode terminar com o baptismo da (nova ou não) bebida.

O nosso primeiro dia bem que podia ter terminado noutra das novidades deste Quantum of the Seas, o Two70°, o lounge XL (abrange três andares em mezanine) que tem como característica mais marcante a vista panorâmica de 270 graus sobre o oceano que oferece na popa do navio. Sentimo-nos pequeninos perante tal vista (ou como se estivéssemos numa sala de cinema), porém só teremos esta visão no dia seguinte, porque à noite o espaço transfigura-se numa sala de espectáculos servida de tecnologia de ponta.

As vidraças tornam-se telas onde tudo pode ser projectado e ecrãs-robô acompanham a produção Starwater, que começa ao som de Vogue, de Madonna, e, quando pensamos que estamos num loop infindável de straight the pose, se desenvolve num espectáculo que mistura além da música e dança omnipresentes, novo circo. Como estamos num navio e cada espaço tem de ser maximizado ao máximo, o Two70° ainda tem fôlego para se transformar em discoteca — mas nós preferimos avançar nas descobertas. E deixamos, então, o dia acabar já noite fora, na proa do navio: o Music Hall é discoteca, sala de concertos (na noite seguinte terá a estreia nestas andanças) — e durante o dia quase não o reconheceremos como um circunspecto clube ao estilo inglês, poltronas de veludo e mesas de bilhar incluídas.

Em queda livre, por fim

Da noite para o dia, do dia para a noite. O Quantum of the Seas, está visto, nunca é igual e nunca deixa de ser o mesmo. Estamos no Sea Plex. Ao final da tarde de ontem havíamos andado de carrinhos de choque e antes ainda havíamos visto tabelas de basquetebol compondo vários pequenos campos —  nesta manhã, na apresentação oficial aos jornalistas deste espaço, o Sea Plex é uma pista onde evoluem duas patinadoras (patins de quatro rodas). Como tantos espaços no navio, este também é uma espécie de canivete-suíço, com vários recursos: se agora é pista de patinagem, baixem-se as tabelas nos topos e será um campo de basquetebol com medidas regulamentares (mas futebol, voleibol e outros que tais são bem-vindos), os trapézios da escola descem do tecto para aulas, os carros de choque entram ao final do dia e para dançar faz-se pista (a cabina do DJ é uma plataforma suspensa num braço inquieto).

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