Fugas - Viagens

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    Museu Arnold Schwarzenegger

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Áustria: Quando o Natal é rei na rainha dos corações

Não muito longe, na Herrengasse, vou ao encontro do Landhaus, o parlamento provincial da Estíria, também construído no século XVI e considerado o melhor exemplo renascentista de Graz, graças ao trabalho do arquitecto italiano Domenico dell’Allio, a quem se deve toda a luminosidade que caracteriza o conjunto arquitectónico e o pátio de dimensão inusitada que, com as suas muitas arcadas, confere ao lugar um equilíbrio difícil de igualar – quanto mais de superar.

Em Graz, ainda que muitos duvidem, a arte caminha ao nosso lado, materializa-se a cada instante, e um dos melhores exemplos descobre-se na Sackstrasse, mais conhecida como a “milha da arte”, numa alusão ao número de lojas que se estendem ao longo de mais de um quilómetro. Na mesma artéria, correndo paralela ao rio, encontra-se o antigo Palácio Khuenburg, hoje convertido no Stadtmuseum, que retrata a história de Graz e foi o lugar de nascimento de Francisco Fernando, em 1863, o arquiduque cujo assassinato, em 1914, em Sarajevo, na actual Bósnia-Herzegovina, esteve na origem do início da I Guerra Mundial.

Não muito longe, a uns 600 metros (a cidade percorre-se bem a pé), na Hofgasse, surge o imponente Burg, o castelo que serviu de residência aos Habsburgos e acolhe actualmente departamentos do governo regional. Desde que caminhe sem pressas, não tardará a descobrir, mesmo no final do pátio, à esquerda, sob um arco, uma obra genial, uma escadaria em espiral que é dupla, antes de se embrenhar, tranquilamente, no Stadpark, o maior espaço verde de Graz.

O herói Schwarznegger

São tantos os que passam, apressados e com notável indiferença, em frente à catedral de Graz, sob um céu cada vez mais cinzento; eu detenho-me por longos minutos, não pelo facto de surgir em qualquer guia turístico como a única no mundo que exibe, como num museu, um fresco exterior. Haverá outras, neste ou naquele país, digo para mim próprio, tentando convencer-me, mas sem que o argumento se revele suficientemente convincente para alargar o meu passo – por ali fico, nada me obriga a partir, admirando a pintura do século XV, representando os males que por essa altura afectavam Graz, a peste, a praga dos gafanhotos e os turcos. As pinturas na catedral, uma igreja até 1786, parecem reflectir a personalidade do povo, como se, numa dada altura, o sofrimento desse lugar ao heroísmo, transformando uma cidade fustigada ao longo de séculos numa outra onde pouco ou nada é mais importante do que a qualidade de vida. Ao mesmo tempo, o interior da catedral é como um retrato do que os locais desejavam – e ainda desejam - para o seu dia-a-dia, uma luz intensa, forte, como se alguém estivesse sempre de mão colada no interruptor, iluminando tudo à sua volta, desde o retábulo do altar-mor, no seu estilo gótico e barroco, também decorado com dourados e mármore, até ao púlpito, ao coro, aos quadros, mesmo aos relicários, como quem pretende tornar presente a luz ausente no exterior. 

Se perguntar a um dos habitantes de Graz qual é a figura local mais mediática, a resposta será invariavelmente a mesma: o homem cheio de músculos, famoso para o mundo como Arnold Schwarznegger, o mesmo que se orgulha de ostentar títulos como Mr. Universe ou Mr. Olympia, meras etapas de um percurso que conduziram este duro, ao longo de uma ascensão meteórica, até aos trilhos do Terminator ou até ao cargo de governador da Califórnia. Mas a relação entre o actor e a cidade também contempla múltiplas turbulências – o melhor exemplo aconteceu em 2005, quando aquele que é filho de um polícia de Graz não exerceu a sua influência como governador para impedir a condenação à morte de um réu, alicerçando nos responsáveis políticos locais a ideia de alterar o nome do estádio da cidade, até aí conhecido sob a designação do seu mais mediático produto de exportação, alguém que ainda se define como sendo, em primeiro lugar, um nativo de Graz, depois da Estíria, logo a seguir, e só no final, um cidadão austríaco.

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