Fugas - Viagens

Continuação: página 4 de 6

Mons, Capital Europeia da Cultura: Pronta para o mundo

Contando com pouco menos de 100 mil habitantes, Mons não vive apenas do passado e das suas memórias mas sente um carinho muito especial pelo seu património, mundialmente reconhecido pela UNESCO. Se os arquivos de Mundaneum – baptizados pela imprensa como “Google de papel” por constituírem, de facto, uma espécie de percursor da Internet —, com os seus seis quilómetros de documentos, estão inscritos no registo Memória do Mundo daquela instituição, as Minas Neolíticas de Spiennes, a Ducasse de Mons, também designado Doudou (um festival popular com raízes na Idade Média e cujo ponto alto ocorre no Domingo da Santíssima Trindade), o Grand-Hornu, antigo complexo industrial mineiro, e o Campanário da cidade integram, todos eles, a lista da UNESCO.

Transponho a porta principal do Hôtel de Ville, com a sua impressionante fachada em estilo gótico, e embrenho-me por algumas das suas salas, onde uma panóplia de artigos exposta para venda ao público revela a criatividade de artistas locais. Através de uma das janelas, deito um olhar sobre a Grand-Place, vivendo a sua azáfama dominical, e logo depois passeio serenamente pelo Jardin du Mayeur, um território de paz onde reina o silêncio, o mesmo que me acompanha por ruas ainda banhadas de sombra até chegar ao Campanário, o único em estilo barroco em todo o país, erguendo-se imponente a uma altura de quase 90 metros e com o seu carrilhão de 49 sinos.

A panorâmica sobre a cidade, com os seus bonitos telhados e elegantes edifícios, alguns deles do século XVI, bem como o cheiro da relva viçosa que envolve parcialmente o Campanário (levantado entre 1661 e 1672, a partir da Primavera irá acolher um centro de interpretação dedicado à sua história) e o ar puro da manhã, convidam a ficar por ali mas Mons tem muito mais para oferecer e recusa-se a parar no tempo — cinco museus serão inaugurados em breve, assim como um centro de congressos com a assinatura de Daniel Libeskind e uma futurista estação ferroviária com a marca do arquitecto Santiago Calatrava (ambos ligados aos trabalhos no Ground Zero de Nova Iorque).     

O sol desce no céu azul e a Grand-Place fervilha de vida. Meninos e meninas equilibram-se precariamente nos seus patins, sulcando a neve que se semelha a um bolo de noiva no meio da multiplicidade de tons das casas que o envolvem.

- Outra vez por aqui? Parece que está a gostar!

As palavras retiram-me da meditação, viro-me e o meu olhar encontra o rosto de Didier Damien emoldurado por um sorriso.

- Com um tempo destes, começo a pensar que não falta fazer nada em Mons.

Ao fundo, recortando-se num dos extremos da praça, um cartaz.

En 2015, je suis montois. Et toi?

GUIA PRÁTICO

Quando ir

Mons pode ser visitada em qualquer altura do ano mas os meses que, em média, proporcionam melhores temperaturas (23 graus) são os de Julho e Agosto, curiosamente aqueles em que, a par com Dezembro, ocorre maior precipitação. A cidade, como um pouco por toda a região da Valónia, beneficia de um clima temperado e chuvoso devido à sua localização junto ao Mar do Norte.  

--%>