É o que acontece logo na primeira paragem, o Rangoli, um restaurante do estado indiano do Gujarat (havemos de percorrer também o Punjab, o Rajastão, Maharashtra e Tamil Nadu), onde provamos chaat, comida de rua indiana, para comer com a mão e lamber os dedos. As pequenas bolas de massa estaladiça são furadas e recheadas com lentilhas e um chutney que pode ser mais doce ou mais picante e devem-se meter na boca de uma só vez. Farida vai dizendo os nomes: pani puri, bhel puri, dahi batata puri, mas aconselha-nos a não nos preocuparmos em tomar notas porque nos envia tudo depois por email.
Seguimos, então, despreocupados, até à pequena loja de esquina propriedade de um iraniano, onde compramos bondas (bolas de batata envolvidas em farinha de grão e fritas) e chamuças, que são uma novidade para os nossos companheiros suecos mas não para nós, o que serve de pretexto para Farida falar das influências mútuas das cozinhas portuguesas e indiana.
No restaurante Sangheetha invadimos a cozinha para ver como se fazem os medu vada (uma espécie de donuts feitos à mão com uma habilidade extraordinária) e outras deliciosas especialidades, exclusivamente vegetarianas, do estado de Tamil Nadu, no Sul da Índia. Tudo acompanhado por um café de Madras que exige também habilidade para se conseguir beber (não se preocupem, Farida ensina-nos e, com alguma sorte, conseguimos não entornar demasiado).
E assim seguimos, sem dar pela passagem do tempo, provando a Índia a cada nova paragem, passando do (muito) doce para o picante e ouvindo as histórias de Farida, enquanto tentamos, sem muito sucesso, decorar o nome de tudo o que comemos. No final, ficamos com a sensação de que o Dubai é um país muito mais rico e interessante do que imaginamos quando ficamos apenas na zona dos arranha-céus e centros comerciais, e de que há aqui muito mais para descobrir. E fica-nos a vontade de fazer outras rotas com as irmãs Ahmed — a começar pela “peregrinação gastronómica” pelo Médio Oriente, a segunda cozinha mais representada no Dubai a seguir à indiana.
Aprender cozinha tailandesa com a chef Supattra
Quando chegamos ao restaurante The Thai Kitchen, no hotel Park Hyatt, à beira da marina do Dubai, a primeira coisa que vemos é uma enorme taça cheia a transbordar de malaguetas vermelhas. Depois reparamos que há aventais e chapéus altos de cozinheiro à nossa espera. E, por fim, aparece-nos o sorriso aberto e caloroso de Supattra Boonsrang, a chef tailandesa que nos vai ensinar a fazer uma série de pratos neste workshop.
Começamos com o mais fácil: uma salada de bife grelhado com cebolas, chalotas, tomate, cogumelos, alho, malagueta, coentro, açúcar de palma, lima — e outros ingredientes cuja lista recebemos para podermos depois repetir em casa. Com a ajuda de outros cozinheiros, que nos evitam embaraços, a salada sai bem, com os sabores equilibrados, o picante, o doce, o ácido, e nós distraímo-nos a comê-la, até sermos chamados por Supattra para voltarmos ao trabalho. A chef avisa-nos para não comermos demasiado do primeiro prato, porque ainda faltam muitos.