Fugas - Viagens

  • A fonte perto do Dubai Mall e Souk al Bahar, vista do piso-miradouro da torre Burj Khalifa
    A fonte perto do Dubai Mall e Souk al Bahar, vista do piso-miradouro da torre Burj Khalifa Jumana El Heloueh/Reuters
  • Jumeirah Beach Residence, com a ilha The Palm no horizonte
    Jumeirah Beach Residence, com a ilha The Palm no horizonte Steve Crisp/Reuters
  • Vista aérea de uma das ilhas-palmeira du Dubai
    Vista aérea de uma das ilhas-palmeira du Dubai Ahmed Jadallah/Reuters
  • Detalhes da World Island
    Detalhes da World Island Ahmed Jadallah/Reuters
  • Casas em
    Casas em "braços" de Palm Jumeirah Matthias Seifert/Reuters
  • Vista aérea das residências em Palm Jumeirah
    Vista aérea das residências em Palm Jumeirah Matthias Seifert/Reuters
  • Em primeiro plano, o Atlantis Hotel
    Em primeiro plano, o Atlantis Hotel Matthias Seifert/Reuters
  • Vista geral da cidade
    Vista geral da cidade Matthias Seifert/Reuters
  • Do alto, o
    Do alto, o "hotel mais luxuoso do mundo", o Burj Al Arab Reuters
  • A trabalhar na dragagem de areia para a estrutura de uma de Palm Island
    A trabalhar na dragagem de areia para a estrutura de uma de Palm Island Steve Crisp/Reuters
  • Um momento do desenvolvimento e construção da  Palm Island Jumeirah
    Um momento do desenvolvimento e construção da Palm Island Jumeirah Steve Crisp/Reuters
  • Matthias Seifert/Reuters
  • Os braços de areia da ilha artificial oferecem visões de perfeição geométrica
    Os braços de areia da ilha artificial oferecem visões de perfeição geométrica Steve Crisp/Reuters
  • Vista aérea da Palm Island, numa altura em que se terminavam algumas residências, em 2007
    Vista aérea da Palm Island, numa altura em que se terminavam algumas residências, em 2007 Steve Crisp/Reuters
  • Jumana El Heloueh/Reuters
  • O desenvolvimento imobiliário de Palm Island Jumeirah e arredores foi redesenhando a costa do Dubai.
    O desenvolvimento imobiliário de Palm Island Jumeirah e arredores foi redesenhando a costa do Dubai. Steve Crisp/Reuters
  • Desenvolvimento de mais um arquipélago artificial, Palm Jebel Ali .
    Desenvolvimento de mais um arquipélago artificial, Palm Jebel Ali . Ahmed Jadallah/Reuters
  • O hotel Burj Al Arab tornou-se ex-líbris do emirado.
    O hotel Burj Al Arab tornou-se ex-líbris do emirado. Ahmed Jadallah/Reuters
  • Vista aérea de mais residências em construção
    Vista aérea de mais residências em construção Matthias Seifert/Reuters
  • A torre: Burj Khalifa é a mais alta do mundo e marca o horizonte do Dubai
    A torre: Burj Khalifa é a mais alta do mundo e marca o horizonte do Dubai Steve Crisp/Reuters
  • Outras perspectivas: a cidade vista a partir do
    Outras perspectivas: a cidade vista a partir do "campo" (com os traços da auto-estrada Sheikh Zayed) Jumana El Heloueh/Reuters
  • O nevoeiro quase que esconde toda a zona da marina
    O nevoeiro quase que esconde toda a zona da marina Steve Crisp/Reuters
  • O Burj Al Arab quase desaparecido sob forte nevoeiro.
    O Burj Al Arab quase desaparecido sob forte nevoeiro. Steve Crisp/Reuters

Dubai, o futuro é já aqui?

Por Alexandra Prado Coelho

No Dubai vemos e ouvimos literalmente a cidade a crescer à nossa volta. Tudo muda a uma velocidade louca. Mas nesta corrida alucinante em direcção ao futuro - a Expo 2020 é a próxima meta, e vai incluir coisas como uma extravagante Cidade de Aladino - o Dubai começa também a lançar um olhar para trás.

Um homem de túnica branca e barba comprida pede a outro que lhe tire uma fotografia. Senta-se no chão, encostado a um vidro, e o outro, com metódicas medições, coloca-lhe as mãos na posição certa para o efeito pretendido — quem vir a fotografia vai ter a ilusão de que o homem da túnica branca está a segurar entre os dedos um arranha-céus que aparece, pequenino, lá em baixo.

Estamos no topo do Burj Khalifa, o edifício mais alto do mundo, no Dubai, Emirados Árabes Unidos (EAU). Estamos, como dizem os folhetos que apresentam a enorme torre espelhada, a level above breathtaking, ou seja, um nível acima daquilo que, de tão extraordinário, nos deixa sem fôlego. O elevador que nos transporta até ao topo mostra-nos a ultrapassar outros ícones mundiais, das pirâmides do Egipto à Torre Eiffel, em Paris.

Subimos sempre mais alto, até aos 555 metros do nível 148. O bilhete que seguramos na mão dá-nos mais um número: “Se pesado, o total de cimento usado na construção do Burj Khalifa seria equivalente ao peso aproximado de 100 mil elefantes.”

À volta do pequeno espaço, todo em vidro, os turistas fotografam-se de todas as formas possíveis. Há quem se deite no chão, quem monte selfie sticks para se fotografar a si próprio, e quem, como o homem da túnica, brinque de todo-o-poderoso, segurando prédios entre os dedos como se fossem brinquedos. Daqui temos uma percepção mais clara do que é o Dubai: vemos a Sheik Zayed Road, com a sucessão de arranha-céus, mas percebemos que estes estão rodeados por zonas de casas mais baixas, cor de areia, que se estendem a perder de vista até ao mar. Entendemos melhor que estamos numa cidade que há não muito tempo era praticamente um deserto.

Há qualquer coisa de irreal no Dubai que tende a deixar-nos mais infantis. Será esta sensação de que tudo nos é permitido, desde construir ilhas artificiais em forma do mundo (“já abriu um clube no Líbano”, dizem-nos quando perguntamos que ilhas já estão ocupadas no The World) até beber um cappuccino polvilhado com ouro no topo do Burj al-Arab, o hotel de sete estrelas, exemplo máximo do kitsch, também localizado numa pequena ilha artificial?

Tudo aqui é feito para nos tirar o fôlego. O emirado — um dos sete que compõem os Emirados Árabes Unidos — disparou em direcção ao futuro e deixou para trás, numa nuvem de poeira, o seu passado de pequena localidade de pescadores e apanhadores de pérolas. Quem quiser perceber de onde vem tudo isto terá que visitar o Museu do Dubai, no Forte Al-Fahidi, um dos mais antigos edifícios da cidade, e descobrir aí o que era a vida pacata dos beduínos que aqui habitavam antes de a riqueza chegar, no final do século XIX — a vida, aliás, que os navegadores portugueses encontraram quando chegaram a esta parte do Golfo, no século XVI.

Tareq, o nosso guia palestiniano, leva-nos numa breve viagem ao passado, uma visita à Casa do Xeque Saeed Al Maktoum. “Foi a primeira casa construída em Jumeirah, e era uma casa de férias do xeque”, conta. Foi em 1955. Nessa altura o mar chegava aqui perto e não havia mais nada à volta. O xeque e os seus acompanhantes (só os homens vinham até aqui) chegavam calmamente nos seus camelos e passavam o dia sentados nas almofadas brancas com delicados bordados, que ainda hoje podemos ver no chão da casa, a olhar o mar, a bebericar café e a comer tâmaras.

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