Fugas - Viagens

  • Linha Imperial
    Linha Imperial DR
  • O DC3 restaurado em exibição no Museu do Ar
    O DC3 restaurado em exibição no Museu do Ar Enric Vives-Rubio
  • O DC3 restaurado em exibição no Museu do Ar
    O DC3 restaurado em exibição no Museu do Ar Enric Vives-Rubio
  • Linha Imperial
    Linha Imperial DR
  • Um velho cartaz TAP
    Um velho cartaz TAP DR

Nos 70 anos da TAP, também voamos pela história em terra

Por Luís J. Santos

A TAP celebra 70 anos. Juntamo-nos à festa com um voo pela sua história no Museu do Ar, onde uma nova exposição nos leva pela lendária Linha Imperial que ligava Lisboa-Luanda-Lourenço Marques. A estrela da festa: um Dakota DC3 desses dias, restaurado com rigor por quase duas centenas de voluntários.

Caminhamos em terra mas assim que entramos no Museu do Ar, junto à Base Aérea N.º1, em Sintra, parece que não paramos de voar. Num imenso hangar onde os olhos passeiam por aviões e partes de aviões por todo o lado, recebem-nos os pioneiros da aviação — ali uma passarola, ali o João Torto que tentou voar com as suas próprias asas, além imagens, quadros, fotos históricas que percorrem a história da TAP e da aviação. O Museu do Ar, com sede principal aqui, inclui muito mais aviação mas agora é tempo de celebrarmos a TAP e é o seu núcleo histórico que nos faz voar até estas paragens.

Quando por cá passeámos, estávamos a dias da comemoração da data fundadora da companhia aérea nacional, 14 de Março de 1945, data em que Humberto Delgado assinou a ordem que criou os Transportes Aéreos Portugueses. Este sábado, é com festa e muitas memórias que se celebram, também aqui no museu, os 70 anos da TAP. Não é só o núcleo histórico da companhia que estará sob o foco: é inaugurada uma grande exposição dedicada à lendária Linha Imperial, iniciada a 31 de Dezembro de 1946, e mostra-se um monumental trabalho, o do restauro de um DC3 Dakota, preparado ao milímetro para nos fazer viajar a esses tempos primordiais por uma equipa de voluntários dedicados. É ele o centro deste espaço e em seu redor há ainda muita gente a aperfeiçoá-lo e a ultimar preparativos enquanto outra equipa vai terminando detalhes da mostra histórica, mais um pormenor que explica por que é que a TAP está interligada com a identidade nacional. 

Como se estivéssemos também prestes a levantar voo, ao longo do passeio por esta casa em base aérea nunca deixamos de ter os aviões nem no olhar nem nos ouvidos. Lá dentro, num cubículo, Adelina Arezes, responsável pelo Museu da TAP, escolhe peças que são réplicas de fardas dos anos de 1940. “Qual é o número da Cristina?”, pergunta. Ainda ninguém sabe. Adelina, que foi assistente de terra mas é também licenciada em história de arte, dedica-se agora à história da companhia e aos objectos que a mostram. Passeamos com a especialista por entre narizes de aviões, velhos aparelhos de controlo, grandes e cinematográficos painéis, carros de ensaio de pista, malas repletas de aparelhos ou precursores dos simuladores de voos (ali um parece quase uma diversão infantil vintage). Além um poster promete “samba holidays” no Rio com a TAP, ao fundo desfilam anos de fardas (e “que marcavam também as modas cá fora”, confirma-nos Adelina). O conjunto de fardas acompanha também os tempos, as modas e as necessidades, das mais antigas (como as réplicas dos fardamento da equipa de voo da Linha Imperial, com ar de gente aventureira dos anos 1940, que inclui botas “para os mosquitos e os escorpiões não lhes morderem”), até aos tempos mais modernos, passando por peças assinadas por estilistas. “É uma pequena mostra do que há, há muitos mais uniformes, claro.” Muitos deles, tal como loiças e muitas outras peças, poderão igualmente ser vistos em breve numa grande exibição da imagem da TAP ao longo dos anos no Mude — Museu do Design e da Moda.

--%>